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Prémio Camões, Germano Almeida diz que Festival Morabeza tem futuro

29 out, 2018 - 01:24

No final da segunda edição do Festival Morabeza, a festa do livro de Cabo Verde, o escritor Germano Almeida – Prémio Camões 2018 – diz à Renascença que o evento “tem pés para andar e está no bom caminho”.

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Há 5 meses que vive numa roda vida. A atribuição do Prémio Camões interrompeu a escrita de um novo livro. Germano Almeida diz em entrevista à Renascença, na cidade do Mindelo onde termina hoje o Festival Morabeza, que está à espera que o ambiente de festividade passe para voltar à escrita do livro.

“Nunca mais tive tempo e concentração para pegar no livro”, afirma o autor cabo-verdiano. Questionado sobre se a obra espera pelo seu escritor, diz: “tem que esperar, coitada” e acrescenta “as personagens esperam, continuam em mim”.

O autor conhecido por sempre se vestir de branco, foi uma das presenças constantes nas sessões do Festival Morabeza cuja segunda edição decorreu na cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente. Na opinião de Germano Almeida “A importância dos festivais vai revelando-se”. Ele que observa um número crescente de pessoas desde o primeiro até ao último dia a participarem no Morabeza explica que “em São Vicente as pessoas são muito sedentas de atividades culturais”.

Sobre uma terceira edição de Morabeza, Germano Almeida é contundente: “Estou convencido que este festival tem pés para andar para o futuro. Pela forma como começou, está no bom caminho.” O autor do mais recente “O Fiel Defunto” concorda “em absoluto” com a ideia de descentralização do Festival. A cada edição, o evento tem lugar numa ilha diferente. Depois de Santiago na primeira edição, São Vicente na segunda, a ilha do Fogo poderá ser o terceiro destino.

Germano Almeida está, contudo de acordo com um repto lançado pelo Ministro da Cultura e Indústrias Criativas, Abraão Vicente, lançada na abertura de Morabeza. “É preciso convencer as câmaras a terem os seus próprios festivais” e haver uma espécie de “epítome” no final.

Para o segundo escritor cabo-verdiano a vencer o Prémio Camões, há no entanto, algo que falta a Morabeza. Na sua opinião, seria bom que “permitir que os autores se encontrassem mais, estivessem mais tempo juntos” e claro, conviverem mais com o público.

Germano Almeida que diz que “90%” da sua obra é autobiográfica é um dos autores que tem dado a conhecer Cabo Verde ao mundo. “A melhor forma de conhecer uma cidade é através da literatura que se escreve sobre ela” diz-nos nesta conversa mantida no Centro Cultural do Mindelo onde da porta principal se vê a baía e do outro lado o Monte Cara que já deu título a um livro do autor e que de certa forma, é também uma personagem de Germano Almeida.

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