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Americanos vão ouvir e aprender Cante Alentejano

13 jan, 2019 - 20:52 • Maria João Costa

A 15.ª edição do Festival Terras Sem Sombra começa em Washington com um concerto que vai levar o Cante Alentejano ao palco do Kennedy Center. Até Junho serão 13 as cidades alentejanas que recebem as quase 50 atividades deste festival que junta música, património e biodiversidade.

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O que fazem cinquenta americanos juntos na chancelaria da Embaixada de Portugal em Washington? Poderia ser o inicio de uma anedota, mas não é. Esta “meia centena” de americanos está inscrita numa oficina de Cante Alentejano que vai decorrer na capital norte-americana, no âmbito do Festival Terras Sem Sombra.

A décima quinta edição do festival de música que decorre no Alentejo tem este ano os Estados Unidos da América como país convidado e por isso resolveu atravessar o Atlântico para a abertura. O palco escolhido foi o Millenium Stage do Kennedy Center em Washington. É lá que esta segunda-feira, quando forem seis da tarde, nem o nevão se que abateu sobre a cidade vai impedir as vozes do Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento de se ouvirem num dos “santuários das artes performativas dos EUA”, como lhe chama a organização.

Em entrevista á Renascença, o diretor do Festival Terras Sem Sombra, José António Falcão fala da “globalização” e explica que o festival que há anos organiza “tem a preocupação de levar ao coração do Alentejo o que há de mais interessante na música clássica e na música contemporânea a nível internacional”. Falcão indica, contudo, que se trata de uma viagem que “tem dois sentidos”, daí levar a expressão mais clássica do Cante Alentejano aos EUA, “uma oportunidade única para internacionalizar o Alentejo” afirma.

Na mala, no regresso, o Festival Terras Sem Sombra traz a música americana até ao Alentejo. Vai trazer “alguns dos ensembles e solistas mais importantes dos Estados Unidos”, explica José António Falcão, acrescentando que têm a “preocupação de dar a conhecer o que há de mais interpelativo neste momento na música norte-americana, mas também descobrir novas tendências”

A décima quinta edição do Festival Terras Sem Sombra anuncia-se com cartaz cheio. São “quase 50 atividades, entre concertos, conferências, visitas ao património e ações de salvaguarda da diversidade, em 13 cidades”. A primeira será a Vidigueira que no próximo dia 26 de janeiro recebe o primeiro espetáculo com “um dos principais grupos da Geórgia, de Atlanta, o Spelman College Glee Club” que irá atuar na Igreja Matriz de São Cucufate, em Vila de Frades. As vozes femininas deste agrupamento “afro-americano” vão dar um espetáculo que segundo José António Falcão “pretende apontar caminhos de reflexão” numa altura em que “a alteridade e a capacidade de respeitar os outros e a atenção à natureza são colocadas em causa.”

O Festival Terras Sem Sombra que decorre até junho e que vai passar por cidades como Serpa, Monsaraz, Valência de Alcântara, Olivença, Beja, Elvas, Cuba, Ferreira do Alentejo, Odemira, Barrancos, Santiago do Cacém e Sines tem também este ano forte ligação a outros países. Além de Espanha, chegarão ao Alentejo “interpretes da Hungria, República Checa e das Filipinas” de forma a assinalar os 500 anos da viagem de Fernão de Magalhães e os 550 anos do nascimento de Vasco da Gama.

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