16 jan, 2019 - 10:36 • Olímpia Mairos
A antiga casa de Miguel Torga, em São Martinho de Anta, concelho de Sabrosa, vai ser recuperada e adaptada a um espaço museológico e de memória do escritor e médico.
O edifício, datado de 1950, foi doado pela filha do escritor, Clara Crabbé Rocha, à Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN), que vai tornar a habitação visitável de modo a permitir aos visitantes um contacto mais estreito com as raízes do escritor.
É uma pequena casa térrea, com um "hall", uma cozinha e sanitário, uma sala de estar e três quartos, com jardim e pomar, na qual Miguel Torga e a família passavam férias de Natal, de Páscoa e de Verão e na qual o poeta escreveu tantos dos seus poemas, contos e páginas de diário.
O projeto da DRCN prevê a recuperação e adaptação da habitação a espaço museológico e a implementação de um plano de comunicação e dinamização turístico-cultural do espaço, através da promoção dos roteiros torguianos.
“As duas primeiras fases do projeto constituem-se como de natureza infraestrutural, e consubstanciam-se numa obra de requalificação da casa, bem como do jardim e pomar contíguos, e de adaptação de parte do seu interior a espaço museológico, com o desenvolvimento do desenho expositivo e respetivas infraestruturas”, explica a DRCN em comunicado.
Numa terceira fase e partindo dos elementos existentes (casa e exposição) será desenhada “uma estratégia de comunicação e lançamento público do projeto turístico”, e serão lançados “no terreno, por meios físicos e virtuais, os roteiros torguianos, que transformarão este projeto no ponto de partida para uma rota turística dedicada a Miguel Torga”.
O investimento a realizar é de 341 mil euros e terá a comparticipação em 90% pelo Turismo de Portugal, através da Linha de Apoio à Valorização Turística do Interior do programa Valorizar – Programa de Apoio à Valorização e Qualificação de Destino.
Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica, Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno, e ainda à torga, planta brava da montanha com fortes raízes sobre a aridez da rocha, nasceu em 1907, em S. Martinho de Anta, Sabrosa, e morreu a 17 de janeiro de 1995, em Coimbra.
A obra de Torga é extensa e aborda, entre outros temas, o drama da criação poética, o desespero humanista, o sentimento telúrico, a problemática religiosa, o iberismo e o universal.