21 mai, 2019 - 23:28 • Ricardo Vieira
A ministra da Cultura felicita Chico Buarque pelo Prémio Camões. Graça Fonseca considera que a distinção é o reconhecimento que “as letras das músicas são e podem ser – e na obra de Chico Buarque são certamente – grandes poemas”.
Em declarações à Renascença, Graça Fonseca sublinha que o cantor e escritor brasileiro, de 74 anos, “é um autor e um músico que diz muito a muitas gerações a muitas pessoas”.
“Eu sou uma dessas pessoas, cresci ao som de Chico Buarque, por isso é muito bom pessoalmente e em nome do Governo português dar os parabéns a Chico Buarque. É a primeira vez que o vencedor do Prémio Camões tem na música a sua principal obra. Chico Buarque é um dos mais conhecidos autores da música popular brasileira, mas que também desde cedo se afirmou como um escritor de relevo, seja na dimensão poética e musical das suas letras, seja na ficção ou na dramaturgia”, afirma a ministra da Cultura.
“Este prémio é o reconhecimento da sua obra e o reconhecimento que as letras de músicas são também literárias, a canção é também um género literário. As letras das músicas são e podem ser – e na obra de Chico Buarque são certamente – grandes poemas”, sublinha.
O Prémio Camões a Chico Buarque pode ser comparado com o Nobel da Literatura a Bob Dylan? “É um paralelismo compreensível porque a obra de Chico Buarque é fundamentalmente conhecida pela música, é um autor que tem na música a sua principal obra, como aconteceu com o Prémio Nobel”, refere Graça Fonseca.
A governante considera que “Chico Buarque é muito português”, um artista com uma “longa ligação a Portugal” em muitos muito importantes da história.
“Há diversas músicas que dizem muito aos portugueses. Há uma talvez mais conhecida, o “Tanto Mar”, que diz muito a Portugal e não é por acaso que a cada ano que celebramos o 25 de Abril a música de Chico Buarque se ouve. Há uma ligação muito forte a Portugal e esse é outro fator pelo qual estamos muito felizes com este prémio, que distingue um autor que tem uma relação muito próxima e umbilical ao nosso país, à nossa história e às nossas gentes”, assinala Graça Fonseca.
Numa altura em que Jair Bolsonaro, de extrema-direita, está na presidência do Brasil, a ministra não associa a atribuição do Prémio Camões a Chico Buarque à atual situação política no país.
Graça Fonseca recorda que Chico Buarque tem sido, desde sempre, um artista com uma “intervenção muito particular, muito atento à vida política e social do seu país. Muitas letras que hoje trauteamos têm significado político muito importante”.
A ministra da Cultura cresceu ao som de Chico Buarque e elege a música “Tanto Mar” como a mais marcante a nível pessoal, “pela letra, pela força da ligação entre dois países irmãos e pelo que representa da esperança entre dois países e o que é a chegada da democracia a Portugal”.
A letra de “Tanto Mar” transporta uma “semente de esperança” e continua atual, numa altura em que o mundo enfrenta tantos desafios, conclui Graça Fonseca.