22 mai, 2019 - 00:13 • Vítor Mesquita, com redação
Francisco José Viegas, escritor e antigo secretário de Estado da Cultura, destaca duas dimensões de Chico Buarque, vencedor do Prémio Camões 2019.
“A primeira é de autor de canções, canções que sem dúvida mudaram muito o destino da Língua Portuguesa, a forma como começámos a falar Português e a referir-nos também à nossa língua e a termos uma dimensão poética da nossa língua que passava por muitas das letras dos poemas de Chico Buarque”, disse Francisco José Viegas em declarações à Renascença.
O antigo governante sublinha que “todos nós sabemos uma canção ou duas de Chico Buarque e sabemos como essa marca poética marcou a poesia de Língua Portuguesa”.
A segunda dimensão evidenciada por Francisco José Viegas é a faceta de ficcionista de Chico Buarque.
“Chico Buarque é um ficcionista tardio, que foi revelado com “O Estorvo”, depois com “Benjamim”, “Budapeste” que é um romance excelente, “Leite Derramado”, “O Pequeno Irmão”, todos eles livros de grande qualidade, muito contidos, muito como uma canção do próprio Chico Buarque, ou seja, com uma grande dimensão poética, mas ao mesmo tempo com uma grande alma de romancista. Isso é que é extraordinário no caso de Chico Buarque, sobretudo em “Budapeste”, que é um romance que prolonga muito o destino da Língua Portuguesa, acrescenta muito à maneira de imaginar em Português”, afirma Francisco José Viegas.