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Há ainda mais gelo em Marte do que se pensava

28 mai, 2019 - 15:29 • Redação

Cientistas dizem que as camadas de gelo já descobertas poderiam cobrir todo o planeta de água.

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Já se sabia que havia gelo em Marte, mas agora foram descobertas novas camadas de água congelada, que estavam soterradas por areia e, portanto, protegidas dos raios solares.

O anúncio foi feito por cientistas da Universidade do Texas e da Universidade do Arizona, que estudaram os dados recolhidos por “Shallow”, um radar da NASA .

O radar, que emite ondas que conseguem penetrar até 2,4 quilómetros abaixo da superfície, descobriu grandes camadas de gelo no polo norte do chamado “planeta vermelho”. Estavam cobertas há milhões de anos. A descoberta confirma também a existência de uma era glacial marciana.

“Não esperávamos encontrar tanta água congelada”, afirmou Stefano Nerozzi, investigador assistente no Instituto Geográfico da Universidade do Texas e co-autor da investigação.

“É, provavelmente, o terceiro maior reservatório de água em Marte, depois das calotas polares”, acrescentou.

Os resultados da descoberta foram publicados pela revista “Geophysical Research Letters”.

O “Shallow” (ou SHARAD, “Shallow Radar”) vai agora ajudar os investigadores a estudar a geometria e composição destas camadas de gelo, de modo a conhecer as alterações climáticas do planeta ao longo dos anos e se algum dia terá sido habitável.

Segundo os cientistas, se os enormes depósitos de gelo agora descobertos fossem descongelados, cobririam o planeta com 1,5 metros de água.

Como é que Marte tem tanta água?

Há muito tempo que os cientistas têm conhecimento dos eventos glaciais do “planeta vermelho”. Esses episódios acontecem por causa das variações na órbita e na inclinação do planeta.

As camadas formaram-se quando o gelo se acumulou nos polos, durante as eras glaciais passadas. De cada vez que o planeta aquecia, um remanescente das calotas polares ficava coberto por areia e protegido da radiação solar, não se dissipando na atmosfera.

Simplificando, a cada 50 mil anos, Marte inclina-se um pouco na direção do Sol e a radiação incide diretamente no polo. Uma boa parte das calotas derrete, mas uma camada permanece soterrada. Conforme o eixo vai voltando ao normal, a luz solar incide sobre o equador e o gelo regressa ao polo.

Os investigadores acreditavam que estas camadas de gelo eram temporárias, desaparecendo a cada ciclo sem deixar vestígios, mas o radar “Shallow” veio agora colocar isso em causa.

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