17 jul, 2019 - 14:14 • Redação
A missão Apollo 11 partiu do Centro Espacial Kennedy fez esta semana 50 anos. A 20 de julho, no próximo sábado, marca-se meio século desde que Neil Armstrong e "Buzz" Aldrin se tornaram os primeiros homens a pisar o satélite natural da Terra. Mas já se sonhava com caminhadas pelo solo lunar bem antes disso.
"Eu quero! Eu quero!" de William Blake
Em 1793, William Blake criou uma das primeiras fantasias de exploração espacial. O poeta e pintor inglês desenho uma pequena imagem de uma figura humana a tentar subir até à Lua numas escadas. O artista batizou obra "I want! I want!" (Eu quero! Eu quero!), um título que já remetia para o desejo do Homem de um dia vir a explorar o Espaço.
"Luz da Lua" de Edvard Munch
O céu noturno, a luz da Lua e o calmo desconhecido são musas perfeitas para inspirar obras de arte e assim o foram também para o pintor norueguês, famoso pelo seu quadro "O Grito".
“Moonlight" ("Luz da Lua”), o quadro que dedicou à figura lunar, é uma paisagem impressionista da costa do seu país-natal à noite, onde se vê a luz da Lua refletida na água. Foi criado em 1893, 100 anos depois da ilustração de Blake.
"Noite estrelada" de Vincent Van Gogh
Atualmente exposto no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA), o famoso quadro "Noite estrelada" foi pintado por Van Gogh em 1889 quando o holandês já estava internado num manicómio, um ano antes da sua morte.
Do seu quarto, o pintor via as paisagens de Saint-Rémy-de-Provence, daí ter servido de inspiração para muitos dos seus quadros. "Noite estrelada", contudo, é o único em que representa a noite, iluminada pela luz que a Lua reflete do Sol.
"Moonwalk" de Andy Warhol
"Moonwalk" foi uma das últimas peças produzidas pelo artista norte-americano Andy Warhol. O artista pegou na imagem partilhada pela NASA já depois da primeira aterragem na Lua, deu-lhe o seu toque de 'pop-art' e nunca chegou a assinar o resultado.
A obra, criada em 1987, meses antes da sua morte, celebra a ida à Lua, sendo que existem duas versões: a que mostramos abaixo, em tons de cor-de-rosa, e outra em tons de azul.
Para compor a imagem, Warhol pegou na foto que Neil Armstrong tirou a Aldrin logo após o astronauta espetar a bandeira norte-americana no solo lunar, sendo que os mais atentos terão já reparado num pormenor: refletida no capacete de Aldrin surge a imagem do astronauta-fotógrafo Armstrong.
"A Lenda do Cortador de Bambus", narrativa popular japonesa do século X
Também conhecido como "Princesa Kaguya", o conto tradicional do Japão gira à volta da história de um homem sem filhos que encontra uma menina a viver dentro de um tronco de bambu e que decide cuidar dela.
A menina cresce adorada pelo pai adotivo mas o seu regresso à origem, leia-se, à Lua, acaba por ser inevitável.
"Da Terra à Lua" (1865) e "À Volta da Lua" (1870), de Júlio Verne
Os dois romances do escritor francês giram à volta da história de um grupo secreto americano que tenta lançar uma pessoa até à Lua através de um canhão.
"Primeiros homens na Lua", de H. G. Wells
Publicado em 1901, nele o autor britânico conta a história de dois homens que descobrem um material que anula a gravidade na Terra. Graças à descoberta, conseguem criar uma nave espacial que acabam por usar para chegarem à Lua – 68 anos de a realidade imitar a ficção.
"Reaching for the Moon", de "Buzz" Aldrin
Se quer ler sobre as viagens do Homem ao satélite natural da Terra, nada melhor do que explorar a autobiografia de um dos dois primeiros homens a pisá-la, o astronauta "Buzz" Aldrin. O livro relata a história do engenheiro e cosmonauta norte-americano desde a sua infância até à mítica data de 20 de julho de 1969.
"Uma Viagem à Lua", de George Méliès
Um dos primeiros filmes alguma vez feitos, o primeiro de ficção científica da História, é uma obra incontornável do cinema e retrata, precisamente, esse sonho de longa data que sempre moveu e comoveu a humanidade.
"Le voyage dans la Lune" é um filme francês de 14 minutos, mudo, lançado em 1902 e inspirado nas duas obras de Júlio Verne sobre uma missão lunar.
O filme retrata a história de um grupo de astrónomos que viaja até à Lua através de uma cápsula lançada num canhão, como Verne imaginou. Até hoje, é considerada uma pérola inigualável da sétima arte, pelo uso de efeitos especiais e pela sua produção elaborada, coisas inéditos na época.
"2001: Odisseia no Espaço", de Stanley Kubrick
O épico filme de ficção científica é, até hoje, considerada uma das mais importantes obras cinematográficas da História. Estreado em 1968, um ano antes da chegada do Homem à Lua, o filme explora temas intemporais como o isolamento, a finitude da vida, o tempo, a tecnologia e a modernização tecnológica.
O facto de ter sido lançado um ano antes do sucesso da missão Apollo 11, bem como a oposição dos norte-americanos ao desenvolvimento de um programa espacial pelos soviéticos, está na base da famosa teoria da conspiração de que a aterragem lunar não passou de uma encenação. Consegue adivinhar a quem os conspiracionistas atribuem a autoria dessa encenação? ... Pois.
"Elementos Secretos", de Theodore Melfi
O filme "Hidden Figures", estreado em 2016, retrata a história de três matemáticas afro-americanas – Katherine G. Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson – cujo contributo para a missão espacial norte-americana foi desconhecido do grande público durante décadas.
Johnson, em particular, foi responsável pelos cálculos que colocaram John Gleen em órbita, em 1962, sete anos antes da chegada de Armstrong e Aldrin à Lua. A matemática também calculou a rota da viagem à Lua seguida pelos astronautas norte-americanos há 50 anos.
Em 2015, o então Presidente dos EUA, Barack Obama, galardoou a cientista com a medalha da presidência. Um ano depois, a NASA inaugurou o Centro Katherine G. Johnson de Pesquisa em Computação.
"O Primeiro Homem na Lua", de Damien Chazelle
Com o título original "First Man", o filme que Chazelle estreou em 2018 retrata a primeira aterragem na Lua pelos olhos de Neil Armstrong. A ação decorre entre 1961 e 1969 e explora os medos, receios e sacrifícios do astronauta na demanda da NASA em pôr o Homem na Lua.
"Tranquility Base Hotel and Casino", dos Arctic Monkeys
Alex Turner inspirou-se na teoria da conspiração de que foi Stanley Kubrick a filmar uma aterragem falsa na Lua para criar o que muitos consideram uma revolução musical inspirada por David Bowie através do último álbum da banda, lançado em maio de 2018.
Em "Tranquility Base Hotel and Casino", os fãs são convidados a seguir um 'krugger' que atua num hotel na Lua que tem o mesmo nome atribuído ao local da superfície lunar que Aldrin e Armstrong pisaram em 1969.
Para além de ser uma referência à chegada do Homem à Lua, o álbum também é inspirado nas imagens de "2001: Odisseia no Espaço" e de outros filmes de Kubrick.
"Space Oddity", de David Bowie
O 'starman' Bowie inspirou-se no mesmo filme de Kubrick para lançar aquela que se tornaria numa das músicas mais populares da sua carreira.
Protagonizada pelo alter-ego Major Tom, a canção foi lançada a 11 de julho de 1969, nove dias antes de Armstrong e Aldrin chegarem à Lua. E apesar de não retratar essa viagem, a teatralidade e simbologia da música, bem como a altura em que foi lançada, levaram a que fosse sempre associada à missão Apollo 11 da NASA.
Nesse ano, a BBC transmitiu a canção assim que os dois astronautas norte-americanos proferiram, a partir da superfície lunar, a famosa frase: "Um pequeno passo para o Homem, um grande passo para a Humanidade."
Em 2012, o astronauta Chris Hadfield fez uma 'cover' da famosa canção em jeito de despedida, naquela que era a sua última missão na Estação Espacial Internacional. O vídeo, claro, tornou-se viral.
"Fly me to the Moon", de Frank Sinatra
A versão de 1964 interpretada por Sinatra, uma música já cantada por dezenas de artistas ao longo das décadas, ficou para a história.
Com o título original "In other words", foi composta por Bart Hower e gravada por Kaye Ballard em 1954. Uma década depois, Frank Sinatra decidiu fazer uma 'cover' da canção, numa versão que acabaria por se tornar na primeira música a ser tocada na Lua.
Depois de pisar o solo lunar, "Buzz" Aldrin pôs a canção a tocar na nave espacial que o levou e a Armstrong até ao satélite.
"Contact", dos Daft Punk
Parte do quarto álbum dos franceses, "Random Access Memories", lançado em 2013, a canção termina da mesma forma que as viagens à Lua, com uma gravação da transmissão de rádio feita por Eugene Cernan, o último homem que algum dia pisou a Lua, no âmbito da missão Apollo 17, em 1972.
A inclusão desse registo foi feita com autorização especial da NASA, que deixou o duo de música eletrónica aceder aos seus arquivos. Alguns amantes da canção dizem que é uma alegoria sobre a impotência do Homem face à imensidão do universo, em que o Espaço nada mais é que um mar de nada do qual ninguém pode fugir.