21 ago, 2019 - 13:23 • Sofia Freitas Moreira
A edição deste ano do EDP Vilar de Mouros arranca na quinta-feira com uma “edição histórica”, segundo a organização.
Medidas ecológicas pioneiras, novos palcos e até pequenos-almoços entregues ao domicílio - neste caso, às tendas - são novidades no mais antigo da Península Ibérica.
“Apostamos muito no encontro das pessoas com a suas raízes, com aquelas bandas que as marcaram não só a elas, mas também aos seus pais e que, agora, estão a marcar os seus filhos. Este é o espírito de Vilar de Mouros”, diz Diogo Marques, um dos organizadores, à Renascença.
O início da história dos festivais portugueses começou ali, naquela pequena freguesia minhota, no concelho de Caminha.
As praias fluviais e as paisagens verdes marcaram a vida do fundador, o médico António Barge, que decidiu homenagear a zona com um festival nunca antes visto em território nacional.
"Um dos maiores festivais de sempre”
54 anos depois da primeira edição, a venda de bilhetes começou a atingir números históricos, esperando-se mais de 40 mil pessoas no festival. “As praias vão estar completamente lotadas com tantos festivaleiros que nos vêm visitar com a sua animação contagiante.”
The Cult, Gang of Four, Therapy?, Prophets of Rage, The Offspring, Sisters of Mercy, Manic Street Preachers, Skunk Anansie e Gogol Bordello são alguns dos nomes com maior peso desta edição.
“Segundo a crítica, é um dos cartazes mais fortes deste verão a nível de festivais. Em cada dia, temos dois ou três headliners que ficariam bem em qualquer festival do mundo, mas que estão todos aqui connosco, em Vilar de Mouros”, orgulha-se Diogo Marques.
Pequenos-almoços levados à cama
Este ano, os festivaleiros irão ter acesso a transfers gratuitos entre as praias fluviais e a uma zona de convívio e de serviços maiores no campismo.
A área de restauração também foi aumentada, para que, mesmo durante as refeições, as pessoas “tenham uma visão direta para os concertos”.
Outra novidade é um segundo palco, para que “os festivaleiros circulem pelo recinto alargado, sem que haja concertos em simultâneo nos dois espaços”, sublinha Diogo Marques.
Em parceria com a Santa Casa da Misericórdia, foram instaladas passadeiras e entradas exclusivas para pessoas com mobilidade reduzida.
O organizador destaca ainda as novidades do “After Rock” (uma zona after hours com DJ’s, fora do recinto e de acesso gratuito a todos, entre as 2h30 e as 4h da manhã) e do “serviço de pequenos-almoços entregues nas tendas, para quem fizer as devidas reservas”.
Novas medidas ecológicas
A água usada nos banhos será reutilizada nas sanitas, graças ao novo circuito de reciclagem de águas do festival. “Há, também, uma nova zona de separação e tratamento de todos os lixos e bicicletas de usufruto gratuito, permitindo uma diminuição da nossa pegada ecológica”, desenvolve Diogo Marques.
Foram instalados combustores para reaproveitar a relva cortada dos mais de 300 mil metros quadrados do terreno do festival. Dentro de seis meses, os compostos orgânicos serão devolvidos às mesmas terras e toda a população poderá usufruir deste adubo natural. “É mais uma medida em que, não só ajudamos a ecologia, como também as pessoas.”
"O Woodstock colocou o Vilar de Mouros nas bocas do mundo"
A primeira edição do Vilar de Moutros aconteceu em 1965, mas foi em 1968 que ganhou algum destaque, apesar de ainda manter o ambiente folclórico inicial. Ao juntar no mesmo evento o regime, através da Banda da Guarda Nacional Republicana, e a oposição, com atuações de Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira, os factos não passaram despercebidos à PIDE.
Apesar disto, foi o ano de 1971, considerado o do "Woodstock português", que marcou o festival até hoje. Com nomes como Elton John e Manfredd Mann, 30 mil pessoas juntaram-se numa expressão em grupo de liberdade e contracultura.
Este mês, celebram-se os 50 anos do mítico Woodstock, o auge do movimento hippie da década de 60. Para honrar o evento que inspirou o conhecido “espírito de Vilar de Mouros”, a organização criou um mural de histórias e uma exposição com todos os cartazes do festival desde 1965.
“O Woodstock, efetivamente, colocou o Vilar de Mouros nas bocas do mundo. Quando um médico apaixonado por esta zona trouxe para o Minho um conceito musical revolucionário, que só se ouvia na rádio e que nunca se pensou que podia acontecer em Portugal, as pessoas aderiram em massa e marcaram estas gerações”, conta o organizador.
“Temos festivaleiros que vão fazer quatro mil quilómetros para nos visitar. Vêm de outros países para passar connosco estes três dias, com esta paisagem maravilhosa e com este cartaz fantástico.”
A edição de 2019 do EDP Vilar de Mouros começa na quinta-feira e termina no sábado.