27 set, 2019 - 07:30 • Maria João Costa
Tem 50 metros de diâmetros e ocupa dois e mil e quinhentos metros quadrados. É um dos monumentos mais fotografados no chão e do ar. Foi desenhada pelo arquiteto Cristino da Silva e oferecida pela Africa do Sul a Portugal. Inaugurada em 1960, a Rosa-dos-Ventos onde estão desenhadas em calcário liós, negro e vermelho as rotas da expansão portuguesa está em risco.
No âmbito das Jornadas Europeias do Património, que decorrem até domingo e para chamar a atenção para as ameaças a esta peça de cantaria, o Padrão dos Descobrimentos resolveu cobrir com uma tela negra este monumento.
Margarida Kol de Carvalho, diretora do Padrão, considera a Rosa-dos-Ventos “um trabalho único e original” e explica que “foi na sua origem pensado para ser uma zona pedonal muito ampla e sem obstáculos onde pode ser vista e apreciada a pé”. Acontece que hoje a explosão turística e dos alugueres de veículos de duas rodas está a colocar isso em causa.
“A mais recente disponibilização de bicicletas, trotinetas e também de skates, a passagem constante destes veículos acaba por fragilizar e contribui para a sua degradação” da Rosa-dos-Ventos relata à Renascença a responsável do Padrão que acrescenta que querem com esta ação “chamar a atenção” e “zelar” por este bem que têm ao seu cuidado e responsabilização
Para conseguirem a “consciencialização de todos”, a Margarida Kol de Carvalho optou por tapar aquele que é o coração deste monumento onde podem ser vistas as naus e as caravelas que levaram os portugueses nos séculos XV e XVI por mares desconhecidos. O planisfério com 14 metros de largura que está no centro do desenho está assim simbolicamente de luto.
“É um luto, uma chamada de atenção para aquilo que poderá inevitavelmente acontecer se todos nós não tomarmos cuidado, não a defendermos e não tivermos essa consciência de todas as medidas para a sua salvaguarda” explica Margarida Kol de Carvalho.
Além de cobrirem a Rosa-dos-Ventos, o Padrão dos Descobrimentos colocou ao lado uma tela em inglês e português a alertar para a riqueza deste património inaugurado a 5 de agosto de 1960 e que em 1994 foi restaurada no âmbito da Lisboa Capital Europeia da Cultura.
Em declarações à Renascença, a diretora do Padrão dos Descobrimento acrescenta que têm tido a colaboração da polícia municipal para alertar os turistas para evitarem passar com veículos de duas rodas sobre a Rosa-dos-Ventos.
É um dos esforços no sentido de preservar este bem e ao mesmo tempo evitar que a sua área seja vedada, já que lembra esta responsável este foi um espaço pensado para ser usufruído a pé.