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"É um segundo prémio Camões". Chico Buarque reage à hipótese de Bolsonaro não assinar galardão

09 out, 2019 - 16:22 • Lusa

Compositor e escritor é apoiante de Lula da Silva. Uma fação do Governo brasileiro defende que recusa em dar aval ao galardão seria "gesto político do Presidente brasileiro".

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O compositor e escritor Chico Buarque afirmou esta quarta-feira que uma eventual não assinatura do seu diploma do Prémio Camões, por parte do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, equivalerá a uma dupla distinção.

"A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo Prémio Camões", escreveu o artista brasileiro na sua conta oficial da rede social Instagram.


Bolsonaro deu esta quarta-feira a entender que não assinará o diploma do galardão concedido ao compositor e escritor Chico Buarque, cuja entrega formal está prevista para abril do próximo ano, em Portugal.

A informação foi avançada pelo jornal “Folha de São Paulo”, que conta que, ao ser questionado sobre a assinatura do documento, Bolsonaro respondeu que a decisão era "segredo", para em seguida acrescentar: "Até 31 de dezembro de 2026, eu assino".

A data referida por Jair Bolsonaro coincide com o final do um segundo mandato presidencial, caso fosse reeleito em 2022.

Músico apoia Lula da Silva

Chico Buarque é um apoiante do Partido dos Trabalhadores (PT), defensor do ex-Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e crítico do governo de Jair Bolsonaro.

O valor total do prémio é de 100 mil euros, divididos entre Brasil e Portugal. A parte que cabia ao Governo foi paga em junho, e a assinatura do diploma é apenas uma formalidade, mas o documento poderá chegar às mãos do músico sem a assinatura do presidente do Brasil.

O assunto dividiu o Governo de Bolsonaro, com alguns mais moderados a defender que este deveria cumprir a tradição de assinar o documento e evitar um constrangimento com Portugal, e outros, mais próximos do presidente brasileiro, a considerar importante o "gesto político", posicionando-se contra o uso de recursos públicos em ações que consideram não prioritárias, de acordo com a imprensa brasileira.

No passado dia 20 de setembro, a revista “Veja”, com sede em São Paulo, noticiou que o diploma assinado pelo Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, já se encontrava em Brasília, no gabinete do ministro da Cidadania, Osmar Terra, que tutela a Cultura, à espera da assinatura de Bolsonaro.

Chico Buarque foi anunciado vencedor do Prémio Camões 2019, no dia 21 de maio, após reunião do júri, na Biblioteca Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro.

O músico é um dos nomes em destaque na edição deste ano do festival de cinema DocLisboa, com a exibição do filme "Chico: Artista Brasileiro", de Miguel Faria Jr., no próximo dia 18, no cinema São Jorge, em Lisboa.

O documentário, que retrata a vida e obra do músico e escritor, foi recentemente retirado do programa de um festival de cinema no Uruguai, por pressão do Governo Bolsonaro e da embaixada brasileira naquele país.

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