15 out, 2019 - 17:03 • João Pedro Barros
Chama-se Adrenalina e ela é “A Filha de Vercingétorix”, título do 38.º álbum das aventuras de Astérix e Obélix, que chega a Portugal, em simultâneo com a edição original, a 24 de outubro.
Trata-se da primeira adolescente a protagonizar um livro da série e a sua trança ruiva e postura rebelde já estão a valer-lhe comparações com a jovem ativista do ambiente Greta Thunberg.
Vercingétorix é um chefe gaulês do povo dos arvernos, que liderou uma grande revolta gaulesa contra os romanos – Adrenalina é, por isso, perseguida pelos romanos e obrigada a refugiar-se no único lugar na Gália ocupada que pode garantir a sua proteção.
Uma vez na aldeia, esta “jovem revoltada”, que carrega nos ombros o nome do pai (que ilustra uma única vinheta ao longo da série), abala os equilíbrios existentes na comunidade, nomeadamente a autoestima de Obélix, o “eterno adolescente” que fica com ciúmes de Adrenalina.
A passagem à idade adulta é precisamente um dos temas principais desta banda desenhada – que sucede a “Astérix e a Transitálica” – e em que se destacam ainda os jovens Selfix e Salgadix.
“Ambos tínhamos vontade de desenvolver personagens femininas até porque, à exceção da Zitinha em ‘O Presente de César’, não houve adolescentes femininas no 'Astérix'”, reconhece o argumentista Jean-Yves Ferri, que assume a autoria da BD com o desenhador Didier Conrad, pela quarta vez na famosa série.
A suspeita de que o ativismo de Greta Thunberg e até o movimento feminista tiveram influência nas novas personagens – e no relacionamento com as figuras de sempre – é alimentada por declarações dos próprios autores.
“Em cada novo álbum tentamos apenas conservar um certo espírito da série, que tem a ver com esta mistura do antigo e do atual que faz sempre rir. A ideia é partir, em cada álbum, numa direção diferente, inspirada no mundo de hoje, o qual, felizmente, nos fornece todos os dias – como é sabido – uma quantidade de temas gratificantes”, refere Jean-Yves Ferri numa entrevista incluída no dossier de imprensa da edição portuguesa, com chancela Asa.
De acordo com o documento, a energia de Adrenalina chega, por vezes, a esgotar Astérix e Obélix, “cuja missão consiste em segui-la”.
“A adolescência consiste em encontrar o próprio caminho, apesar dos pais”, explica o argumentista numa entrevista citada pela “Télé-Loisirs”.
O universo criado por René Goscinny e Albert Uderzo teve a sua primeira publicação em 1959, tendo chegado a Portugal dois anos depois, através da revista "Foguetão". Nos últimos 60 anos, já foram vendidos 380 milhões de álbuns, traduzidos em 111 línguas e dialetos. Para este novo livro será feita uma tiragem inicial de cerca de cinco milhões de exemplares.