19 nov, 2019 - 11:00 • Redação
"As canções são como os filhos, é preciso libertá-las."
(entrevista ao "Jornal de Negócios", junho de 2018)
"A música é a paixão desde puto. Desse encontro com a paixão pela poesia saem as canções. Numa primeira fase, houve o sentir que estas canções ajudavam ao movimento social. Eram instrumentais, uma espécie de encomenda social."
(entrevista ao "jornal i", dezembro de 2018)
"A minha relação com a música foi sempre uma relação de amantes. Não é uma relação de matrimónio, carimbada. E as coisas vão acontecendo entre dois amantes… Quando se encontram é para ser bom, não é porque tem de ser. Foi sempre uma relação muito próxima e muito apaixonada, mas também muito livre e muito solta."
(entrevista ao portal "Sapo 24", em 2018)
"A nostalgia é uma forma de egoísmo. É agarrarmo-nos a um desejo do passado, a vivências já vividas e não termos um elã para a frente. A nostalgia é ótima para a classe dominante: quanto mais nostálgica estiver a população - que é o caso atualmente, sobretudo malta mais da minha idade -, melhor é, porque as pessoas ficam desarmadas, sem projeto. E eu comecei a sentir-me um bocado mal em cima de um palco a cantar aquelas coisas. As pessoas estavam a gostar imenso e acendiam isqueiros e telemóveis e cantavam muitas coisas comigo. Mas eu comecei a sentir-me mal nessa situação."
(entrevista à revista "Sábado", dezembro de 2018)
"Em 1958, percebi que a Igreja estava feita com o regime. De resto, nunca perdi uma certa visão do Cristianismo. Não é uma fé no Cristianismo, é a imagem histórica do Jesus da Nazaré."
(entrevista ao "jornal i", dezembro de 2018)
"Eu era católico. Em 58, na campanha do Delgado, eu tinha 16 anos. Era um católico comprometido, praticante a sério. Fiz o crisma, fui dirigente local da Juventude Católica. E o que me ficou da campanha do Delgado foi que a Igreja estava feita com o regime, coisa da qual eu não tinha consciência. Portanto comecei-me a afastar, comecei a achar aquilo tudo uma palhaçada. E em pouco tempo saltei para o único sítio onde percebei que se podia fazer qualquer coisa contra a ditadura, mudar a vida, mudar as coisas, que era o Partido Comunista clandestino. Era a única hipótese. Saltei quase direto de uma igreja para a outra, não é?"
(entrevista à revista "Sábado", dezembro de 2018)
"Na última vez que falei no Bloco, antes de sair, num comício, eu disse: 'Nunca saí de partido nenhum. Os partidos é que foram saindo de mim.' Porque os meus valores são os mesmos que foram sempre, percebes? O que está em causa é a maneira como são aplicados na prática."
(entrevista à revista "Sábado", dezembro de 2018)
"Tive o privilégio de viver dois acontecimentos: o Maio de 68, em Paris, e o 25 de Abril, em Portugal. Foram festas políticas incríveis. Tudo era possível."
(entrevista ao "jornal i", dezembro de 2018)
"Continua a haver a exploração do homem pelo homem. Tendencialmente, a esquerda é a favor do progresso e a favor de quem trabalha, dos mais pobres, é contra as injustiças sociais, como a acumulação de riqueza por poucos."
(entrevista ao portal "Sapo 24", 2018)
"Tenho uma confiança enorme de que a Humanidade vai continuar falando de maneira abstrata, a resolver os seus problemas e a avançar no sentido da beleza, do amor, da justiça... Daqueles valores mais gerais a que nos agarramos muito principalmente nestes períodos de vazio. Mas estou convencido, parece-me que vai haver muita dor, muito sofrimento, muito horror nisto tudo, para chegar a um mundo melhor."
(entrevista à revista "Sábado", dezembro de 2018)