29 jan, 2020 - 15:31 • Inês Rocha
O Facebook divulgou, esta terça-feira, uma ferramenta que promete chocar os mais distraídos: a “Atividade fora do Facebook”, que permite ao utilizador saber quais os sites e aplicações que passaram informações de navegação sobre si à rede social e ter mais controlo sobre o seu histórico.
A funcionalidade já tinha sido lançada em 2019 em vários países, mas foi agora disponibilizada a nível mundial, aproveitando o Dia Mundial da Privacidade.
A ferramenta mostra-lhe dados dos últimos 180 dias sobre o que andam a recolher sobre si. Aviso: provavelmente vai ficar surpreendido com a quantidade de sites e aplicações que partilham diariamente os seus hábitos.
Se já teve a sensação de que está a ser escutado pelo Facebook, tendo em conta o tipo de anúncios que vê na timeline, esta ferramenta prova que a rede social não precisa de usar o microfone para saber quais os seus interesses. Mesmo quando tem a aplicação do Facebook desligada, a rede social é notificada quando entra noutros sites ou aplicações e sabe o que anda a ler, a comprar ou a pesquisar.
Como é que isto é possível? O Facebook fornece aos seus parceiros um software de monitorização que estes incorporam nos seus sites. Segundo uma investigação da Electronic Frontier Foundation, o Facebook tem estes “tracker pixels” ou código de partilha de cookies em cerca de 30% dos 10 mil sites mais visitados da internet.
A página está escondida nos menus de definições - aqui está um link direto. Nesta página, pode gerir a atividade fora da rede social, desconectar o histórico, aceder ou fazer download das suas informações e gerir a atividade futura.
Mudar estas definições não impede o Facebook de recolher dados sobre si em sites parceiros. Vai apenas "desconectar" essas informações do seu perfil. A rede social promete apenas que vai deixar de usar esses dados para adaptar anúncios aos seus gostos - o que significa que, à partida, será menos fácil manipulá-lo com base nos seus dados.
Então, como impedir que o Facebook recolha dados? Para isto, tem de ir mais longe.
Pode usar um browser que combata os "trackers", como o Mozilla Firefox. Pode também adicionar uma extensão que os bloqueie, como esta, da Electronic Frontier Foundation, ou esta, da Mozilla, que impede o Facebook de conectar com outros sites.
A "Atividade fora do Facebook" chega às mãos dos utilizadores após uma promessa que o CEO do Facebook Mark Zuckerberg fez a propósito do escândalo Cambridge Analytica, em 2018.
Apesar de a ferramenta ser limitada, está um passo à frente de outros rivais, como a Google.
O Facebook aproveitou ainda o Dia Mundial da Privacidade para passar a mostrar na timeline dos utilizadores uma notificação que convida cada um a fazer uma “verificação de privacidade”. É uma série de orientações para ajudar o próprio utilizador a entender o que, como e porque tomar algumas medidas que possam evitar exposição desnecessária na rede social.
A rede social vai também passar a enviar notificações sempre que usar o seu login para entrar noutro serviço. Por exemplo, se entra com a conta do Facebook no Spotify, vai passar a receber um alerta sempre que alguém entrar na plataforma de música. Esta é uma medida de segurança, para saber se as suas contas estão a ser usadas indevidamente por terceiros.