30 abr, 2020 - 21:54 • Maria João Costa com Lusa
O realizador português Pedro Costa foi distinguido com o Prémio Golden Gate “Persistence of Vision”, atribuído pelo Festival de Cinema de São Francisco, nos Estados Unidos. Segundo a produtora Midas Filmes, este galardão “celebra cineastas cuja obra vai para além das tradicionais fronteiras do cinema narrativo”.
Este que é um dos mais antigos festivais de cinema da América, foi cancelado este ano devido à pandemia de Covid-19, mas decidiu manter, na sua edição 63 a atribuição dos prémios.
Organizado pelo Cineclube de São Francisco, o festival distinguiu o trabalho de Pedro Costa.
“Nas suas nove longas-metragens, Pedro Costa tem tratado as lutas quotidianas e espirituais das pessoas marginalizadas, demonstrando um incomparável domínio da luz e da sombra”, explica a produtora em comunicado.
Este Prémio Persistence of Vision que já foi atribuído a artistas como Robert Frank, Matthew Barney, Johan van der Keuken, Kenneth Anger e Errol Morris, é agora atribuído a Pedro Costa numa altura em que o mais recente filme do realizador – Vitalina Varela – tem recolhido amplo reconhecimento. Estreou em fevereiro, nos Estados Unidos e já está “disponível nos videoclubes das televisões e na Filmin”, sublinha a Midas Filmes.
Só um realizador português, José Álvaro Morais, ti(...)
Segundo o festival, “desde o final dos anos 80”, a obra do realizador português, “tem desenvolvido um método de trabalho coletivo muito especial. Os seus parceiros criativos são os seus próprios atores; a sua singular identidade cinematográfica combina a observação e a reinvenção ficcional, numa forma que vai muito para além do documentário e que toca a vanguarda”.
Desde que teve estreia mundial em 2019, no festival de Locarno, na Suíça, “Vitalina Varela” já foi exibido em mais de cinquenta outros festivais de cinema, cinematecas e retrospetivas dedicadas a Pedro Costa. Em Locarno, o filme recebeu o prémio máximo, a protagonista, Vitalina Varela, foi duplamente premiada como melhor atriz e o júri ecuménico atribuiu uma menção honrosa à obra.
Pedro Costa conheceu Vitalina Varela quando rodava "Cavalo Dinheiro", acabando por incluir parte da sua história na narrativa, dando-lhe depois protagonismo no filme seguinte. A narrativa centra-se numa mulher cabo-verdiana que chega a Portugal três dias após a morte do marido, depois de ter estado 25 anos à espera de um bilhete de avião.
Em Locarno, Pedro Costa explicou que os filmes sobre a comunidade cabo-verdiana não são documentários: "Falo de pessoas que vivem hoje no esquecimento, dormem nas ruas, são torturados. O cinema pode protegê-los, de certa forma vingar uma parte desta situação, porque pode ser exibido em qualquer lado", disse.