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Portugal com filme a concurso em festival de cinema dedicado à Covid-19

12 mai, 2020 - 15:54 • Maria João Costa

Chama-se “Mulheres em Quarentena”, é uma curta-metragem da realizadora Bárbara Tavares e foi selecionada para o primeiro, e espera-se único, festival de curtas-metragens "Corona".

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Foi inteiramente filmado com telemóvel, é uma curta-metragem de cinco minutos que retrata a vida de duas mulheres durante a quarentena imposta pela Covid-19.

O filme “Mulheres em Quarentena”, da realizadora brasileira, radicada em Portugal, Bárbara Tavares representa Portugal no primeiro Festival de Curtas-Metragens Corona.

“Foi uma ideia que tive de querer registar este momento de isolamento social na perspetiva da mulher”, explica a cineasta, que cruza a história de duas mães, uma no Brasil, outra em Portugal.

São imagens íntimas e pessoais, captadas pelas próprias protagonistas. Bárbara Tavares diz à Renascença que quis “saber o que estão vivendo as mulheres” que têm esse lado “mais maternal e do cuidado”. Bárbara, também ela mãe duas crianças e a viver estes dias em confinamento, revê-se nas angústias que estas mulheres vivem e quis mostrar a “força feminina”.

Com o filme que leva o título inglês “Women locked inside”, Bárbara Tavares concorreu ao Corona Short Film Festival, um festival online organizado por cineastas alemães. O festival cuja primeira, e espera-se única, edição acontece este ano recebeu mais de mil filmes a concurso, de mais de 70 países. Foram selecionados 35 e entre eles está a curta-metragem de Bárbara Tavares.

O festival que decorre até 24 de maio inclui prémios do júri e do público. A votação do público está a decorrer online no site do festival.

Uma curta-metragem que pode virar longa

Esta primeira curta-metragem portuguesa produzida durante a quarentena filmada em Portugal e no Brasil tem como protagonistas Eloá Chaignet, mãe de Noah, de oito anos, e Michele Nogueira, mãe de Ariel, de 14 meses. Mas ideia da realizadora é juntar mais histórias a estas e tornar a curta-metragem numa longa-metragem.

“Tenho esse projeto de fazer com várias mulheres, em várias partes do mundo. Fiz contatos com várias pessoas na China, na Síria, nos Emirados Árabes, no Peru, Chile, Brasil, Portugal e Inglaterra. A minha ideia é fazer um apanhado disso e do que é essa vivência”, explica ao telefone Bárbara Tavares enquanto ouvimos os seus filhos em fundo.

Com este filme, a realizadora quer mostrar como é o dia-a-dia destas mulheres. Nas duas já retratadas no filme agora a concurso, vemos Michele Nogueira, mãe solteira que num pequeno apartamento em Brasília. Com fracos recursos financeiros, esta mulher mostra a dificuldade de fazer compras no supermercado com uma bebé pequena e gerir todas as necessidades da filha. Também Eloá Chaignet vive com o filho Noah de 8 anos e o marido francês, Nicolas, em Lisboa. Eloá sente-se forçada a deixar o menino sair para a rua, face à dificuldade de Noah tem em lidar com o isolamento social.

Às duas protagonistas, a realizadora deu liberdade total para captar imagens. Bárbara Tavares apenas pediu que “não fizessem vídeos muito curtos”. “A cada dois dias, elas enviavam o material” por WhatsApp. “Pedi também que gravassem, tipo confessionário, como se tivessem falando com uma amiga”, explica Bárbara Tavares – também autora da curta documental “Bom Caminho” realizada em 2017 e que ganhou o prémio do júri no Festival Cinema de Aventura.

Focada em refletir sobre o momento que o mundo atravessa, a realizadora Bárbara Tavares diz-nos que no seu entender “quem tem filhos, tem de se mostrar forte” face a esta situação de pandemia. “Temos de nos reinventar” aponta, a cineasta nascida no Brasil e a viver no Porto por opção.

“É preciso ter uma perspetiva lúdica do que estamos vivendo, para que isso seja passado da melhor maneira possível” refere Bárbara Tavares. Focada nas crianças, a realizadora explica que é preciso criar “memória para quando eles crescerem, esta não seja uma memória tão cinzenta”.

Bárbara produziu esta curta-metragem agora a concurso com Frandu Almeida, o seu sócio da produtora brasileira sediada na cidade do Porto, Bodhgaya Films. O filme vencedor do prémio de júri irá receber mil e 500 Euros e o vencedor do prémio de público 500 Euros. Os dois vencedores serão distribuídos internacionalmente pela distribuidora Interfilm Berlin.

Com mestrado em Cinema Documental pela ESMAD (P.Porto), Bárbara Tavares estudou cinema na UCLA em Los Angeles, realizou “Hermógenes, professor e poeta do Yoga”, a sua primeira longa-metragem documental em 2015. A curta documental “Bom Caminho” realizada em 2017, é sobre o Caminho português de Santiago de Compostela e foi inteiramente filmado no alguergue de São Pedro de Rates, na Póvoa de Varzim.

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