17 jun, 2020 - 13:36 • Maria João Costa
De Bragança a Faro, passando por Ovar, que viveu uma cerca sanitária, ou por Lisboa, onde agora se registam mais casos positivos do novo coronavírus. São 24 as cidades que vão receber, no sábado, dia 20, 24 concertos de 24 artistas portugueses. É a primeira edição do festival “Regresso ao Futuro”, que pretende marcar o tempo de desconfinamento.
O promotor, Vasco Sacramento, da Sons em Trânsito, começou a desenhar o projeto mal soube quais eram as condições da Direção-Geral de Saúde (DGS) para a reabertura dos equipamentos culturais.
“Acredito que ainda haja quem não se sinta confortável em ir para o meio de uma multidão”, confessa o produtor, que assegura que foram “absolutamente leoninos” na forma como cumpriram as regras de higiene e segurança da DGS. Vasco Sacramento incentiva o público a ter coragem “na forma como reage a este vírus, porque não vai desaparecer com um golpe de mágica.”
Vasco Sacramento que fala num “dever patriótico” que deve por o público a “ir para a rua” e a “resgatar a economia, cumprindo as limitações impostas”, reconhece, no entanto que as condicionantes quando ao número de espetadores por sala, não é rentável a longo prazo.
“Isto é uma decisão que esperamos e desejamos que seja temporária” admite o produtor de espetáculos da Sons em Trânsito. “Obviamente que o setor não pode ficar com estas medidas eternamente, é uma situação que desejamos que seja o mais curta possível, mas é melhor do que nada”, explica Sacramento que reconhece que “não é possível aguentar” por muito tempo estas limitações, “sem apoios”.
Quem e onde vai poder ouvir música portuguesa
O cartaz do festival que pede o nome emprestado a “Regresso ao Futuro”, o famoso filme protagonizado por Michael J.Fox é variado. Há música para todos os gostos. Do fado, ao pop, passando pelo humor são 24 as salas de teatros municipais e um museu que se vão encher.
Pedro Abrunhosa vai atuar em Ovar, num concerto para o qual já estão esgotados os bilhetes. Mas há ainda muitas entradas disponíveis. Com o preço único de 10 euros, poderá ouvir por exemplo Carlão no Cine-Teatro de Rio Maior; Kátia Guerreiro no Capitólio, em Lisboa ou ouvir o humor de Herman José na Casa da Cultura de Ílhavo.
Convocados para esta retoma da atividade cultural estão também António Zambujo que toca no Teatro Virgínia de Torres Novas; Aurea que sobe ao palco do Centro de Artes e Espetáculos da Figueira da Foz; Salvador Sobral que toca em Santarém no Teatro Sá da Bandeira ou os The Gift que vão animar a noite em Loulé, no Cineteatro Louletano.
A este conjunto de músicos juntam-se outros da nova geração, como Bárbara Tinoco que tocará em Albergaria-a Velha, no Cineteatro Alba ou Tiago Nacarato que sobe ao palco do Cine-Teatro Constantino Nery, em Matosinhos.
Ágir vai tocar em Leiria, no Teatro José Lúcio da Silva. Em entrevista à Renascença, o músico admite as saudades do palco e explica que fará um concerto intimista. “É um regresso ainda que lento, a alguma normalidade. Vai ser um espetáculo mais acústico, com três guitarras num concerto que vai permitir falar mais com o público, como se estivesse numa casa de fados ou numa tasca”, explica Ágir que garante que serão, no entanto, mantidas as distâncias de segurança.
Mas há mais no cartaz do Regresso ao Futuro. Vai poder ouvir Ana Moura em Oliveira do Bairro, no Quartel das Artes; os The Black Mamba em Aveiro, no Teatro Aveirense; Carolina Deslandes em Bragança, no Teatro Municipal; os Clã em Almada, no Teatro Joaquim Benite; Camané no Parque de Palmela em Cascais; os D.A.M.A no Fórum Municipal Luísa Todi de Setúbal.
Diogo Piçarra sobe ao palco do Teatro das Figuras em Faro; Fernando Daniel ao Cine-Teatro de Estarreja; a fadista Gisela João no Teatro Cinema de Fafe; Miguel Araújo vai tocar a Caminha, no Teatro de Valadares; em Lisboa atuam Rita Redshoes no São Luiz Teatro Municipal e Samuel Úria no Cinema São Jorge. Já Tiago Bettencourt vai tocar a Castelo Branco ao Cine-Teatro Avenida.
24 concertos para alimentar artistas
São 24 concertos, de 24 artistas, em 24 salas distribuídas por 22 cidades de norte a sul do país. O festival tem também um intuito solidário. A receita gerada vai reverter para o Fundo de Solidariedade para a Cultura, criado pela Audiogest (associação que representa produtores musicais) e GDA (Gestão dos Direitos dos Artistas).
O público é também convidado a levar alimentos não perecíveis para entrega na entrada dos teatros. Os bens recolhidos, serão distribuídos pela União Audiovisual a profissionais do setor das artes que se encontram em maior dificuldade alimentar.