09 jul, 2020 - 17:11 • Maria João Costa
Os dias de pandemia numa casa como o Teatro Nacional de São Carlos têm sido de “programar e desprogramar” conta Elisabete Matos. A soprano, que assume a direção artística do teatro de ópera chamou a si este ano a programação do Festival ao Largo que decorre entre 10 e 25 de julho. O festival também teve de ser ajustado aos dias que correm.
Em vez de se realizar à porta do Teatro de São Carlos, o Festival ao Largo muda-se este ano de armas e bagagens para o pátio do Palácio Nacional da Ajuda. A alteração, explica à Renascença Elisabete Matos, tem a ver com o facto de estarem “num espaço mais controlado e onde não é preciso fechar ruas”.
A entrada para o festival que reúne em cartaz música clássica, bailado e este ano teatro pela primeira vez, é gratuita. O público terá “um lugar designado” explica a responsável que assim garante que “estão salvaguardadas todas as condições face ao período que estamos a viver”.
Teatro pela primeira vez no Festival ao Largo e um cartaz com muita música
Quanto ao cartaz, o festival terá este ano também em palco, formações musicais mais reduzidas para garantir o distanciamento social entre músicos. A abertura, no dia 10, será dirigida pelo maestro Pedro Neves que conduzirá o grupo de Metais e Percussão da Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP).
Na noite seguinte, a 11 de julho, será a vez do grupo de Cordas da OSP e um octeto de violoncelos apresentar-se sob a liderança de Irene Lima e de Pedro Meireles. Serão interpretadas obras de Heitor Villa-Lobos, nomeadamente a obra n.º 5 das Bachianas Brasileiras.
Pela primeira vez, há teatro no programa do Festival ao Largo. Dia 12 de julho vão apresentar “a companhia Nacional do Teatro D.Maria II com a obra ‘Sopro’ de Tiago Rodrigues”, explica Elisabete Matos nesta entrevista ao programa Ensaio Geral da Renascença. A peça é centrada na vida de Cristina Vidal, a ponto do D.Maria há mais de 25 anos e tem a atriz Isabel Abreu num dos principais papéis.
Nesta 12.ª edição, a 13 de julho, o agrupamento de cordas Camerata Atlântica propõe um programa de tangos e boleros, com o tenor Carlos Guilherme como solista, acompanhado por um casal de bailarinos. O violino e a direção musical são de Ana Beatriz Manzanilla.
A 14 de julho, o palco será da Orquestra Invicta All Stars, que apresenta um repertório erudito e alguns temas mais populares, com a direção de António Saiote.
Música para celebrar os que trabalham na linha da frente e homenagear as vítimas da pandemia
Dois dos concertos deste ano do Festival ao Largo estão relacionados com o contexto que se vive de pandemia. “Não porque queiramos que este festival seja um festival triste”, aponta Elisabete Matos que sublinha que neste momento de desconfinamento, é preciso honra os que perderam a vida e os que na linha da frente combatem o avançar do vírus diariamente.
No dia 15 de julho, o Coro do Teatro Nacional de São Carlos (Coro TNSC), acompanhado pelos solistas Dora Rodrigues, Maria Luísa de Freitas, Carlos Cardoso e André Henriques, sob direção de João Paulo Santos irá interpreta a ‘Petite Messe Solenelle’, de Rossini em homenagem “a todos os que estão e continuam a estar na linha da frente”, diz a responsável.
Depois no dia 18 de julho, o Coro TNSC, sob a direção da maestrina Joana Carneiro, e com os solistas Alexandra Bernardo e Luís Rodrigues, irá prestar um tributo às vítimas mortais da pandemia e às famílias daqueles que os viram partir. No concerto será interpretado o Requiem de Fauré, num programa que conta também com obras de Mozart e Franck.
Pelo meio, o festival faz também uma incursão no cinema. Numa parceria com o São Luiz Teatro Municipal, a 17 de julho será reposto o espetáculo estreado em novembro, integrado nas celebrações dos 125 anos daquele Teatro e para o qual o pianista Filipe Raposo compôs uma partitura para acompanhar o filme ‘Metropolis’, de Fritz Lang.
A obra será interpretada pela OSP que também no dia 19 de julho irá apresentar-se novamente com a maestrina Joana Carneiro, num programa para orquestra de câmara que reúne obras de Mozart, Dvořák e Tchaikovski.
A programação musical encerra-se no dia 20 de julho, com a Orquestra de Câmara de Oeiras e Cascais, num programa com obras de Sibelius, Britten e Martin e que será dirigido por Nikolay Lalov e contará com os solistas Filipa Portela e Lilia Donkova.
Reservado para o encerramento do Festival ao Largo está, como habitual em edições anteriores, a presença da Companhia Nacional de Bailado. Serão três espetáculos, de 23 a 25 de julho, com a apresentação de duas estreias e a reposição de excertos do I Ato de Dom Quixote, de Eric Volodine. Como de habitual, todos os espetáculos do Millennium Festival ao Largo vão contar com a apresentação de Jorge Rodrigues.