13 jul, 2020 - 17:24 • Maria João Costa
Na era dos famosos “influencers” digitais, há que descobrir que houve outros “influenciadores” no passado e o compositor Ludwig van Beethoven foi um deles. Para perceber melhor isso mesmo, o Coliseu do Porto Ageas programou para o próximo domingo, às 11h00, um concerto para famílias em que serão escutadas obras do compositor nascido em Bona, na Alemanha e de outros influenciados por si.
“Beethoven e os seus seguidores” é um concerto em que a Orquestra Filarmónica Portuguesa será dirigida pelo maestro Osvaldo Ferreira. Segundo Mónica Guerreiro, presidente do Coliseu do Porto Ageas, trata-se de um espetáculo “destinado a crianças, jovens e adultos”, com um “intuito pedagógico” em que “o maestro também dá algum contexto sobre os compositores e as suas épocas”, dando ao público “uma audição mais informada”.
No concerto sinfónico que se anuncia num “num ambiente informal, alegre e descontraído”, o público vai ouvir, por exemplo, um excerto da Nona Sinfonia de Beethoven, uma das obras mais conhecidas do repertório ocidental. Brahms, Dvořák e Johann Strauss II são os outros compositores cujas obras foram inspiradas por Beethoven e que serão tocadas neste concerto para todas as idades.
A Orquestra Filarmónica Portuguesa vai interpretar obras bem conhecidas para o ouvido do público como a “Valsa do Imperador”, de Strauss II; a primeira das famosas danças húngaras de Brahms, e a “Sinfonia do Novo Mundo” de Dvořák.
Antes ainda de fechar para férias, o Coliseu do Porto Ageas apresenta ainda outro concerto, dia 23. Trata-se da banda sonora composta pelo pianista Filipe Raposo para “Metropolis”, o famoso filme realizado em 1927 por Fritz Lang.
O pianista residente da Cinemateca Portuguesa e autor de diversas outras bandas sonoras, compôs esta obra para o aniversário do São Luiz Teatro Municipal. A obra que vai também ser tocada no Festival ao Largo em Lisboa, será depois executada dentro de portas, no Coliseu do Porto.
A acompanhar o filme e o pianista estarão catorze músicos da Orquestra Sinfónica Portuguesa dirigidos pelo maestro Cesário Costa. O filme-concerto explica à Renascença, Mónica Guerreiro “permite uma despedida dos palcos desta temporada, antes de férias, com uma boa proposta”.
A temporada de espetáculos será retomada em setembro com um concerto da cabo-verdiana Mayra Andrada, no dia 11. “É um espetáculo que para recomeço de temporada está muito bem, porque os ritmos da música Mayra vão trazer um momento de descompressão que depois das férias vão saber bem”, afirma Mónica Guerreiro.
Também programado está, para dia 13, um espetáculo de stan-up comedy. “I am humor: A saga continua…” é um espetáculo que esteve agendado para 20 de junho e que junta Fernando Rocha, Miguel 7 Estacas, João Seabra, Hugo Sousa, Quim Roscas e Zeca Estacionâncio.
Já para outubro está programado outro espetáculo que foi adiado devido à pandemia de Covid-19 e que vai juntar no palco do Coliseu o humorista César Mourão, e os músicos Miguel Araújo, António Zambujo e Luisa Sobral. “Desconcerto” é um espetáculo de improviso, explica Mónica Guerreiro que destaca que os “momentos bem-dispostos” que os artistas vão proporcionar podem mesmo partir do público.
Com uma lotação mais reduzida, o Coliseu abre assim portas seguindo as normas de higiene e segurança da Direção-Geral de Saúde. Ao público é pedido que use máscara na sala e que chegue cedo para permitir uma entrada atempada.
Questionada sobre a reação do público ao retomar da atividade, Mónica Guerreiro indica que há “pessoas que têm vontade de voltar” e que isso se tem traduzido em “espetáculos de casa cheia”, com a atual lotação de 1.300 lugares sentados. Mas a nova presidente do Coliseu do Porto Ageas revela também que há publico ainda receoso de voltar a sentar-se numa sala de espetáculos.
“Acho que tem a ver com o ciclo noticioso. Há alturas em que as pessoas começam a ter a perceção de que se calhar o vírus está mais controlado e que podemos descomprimir um bocadinho, mas depois há momentos em que o medo sobressai mais, as noticias tornam-se mais alarmistas em linha com o que está a acontecer e isso tem impacto nos hábitos e opções que as pessoas fazem para os seus períodos de lazer”, explica Mónica Guerreiro.
Face a esta imprevisibilidade em relação à evolução da Covid-19, a responsável do Coliseu refere que programar cultura tornou-se um desafio. Mónica Guerreiro refere que “o ultimo quadrimestre do ano está alinhavado”, mas lembra que também estavam programados os meses entre março e junho e tiveram de sofrer alterações. “Será que vamos conseguir manter?” questiona-se a responsável que conclui que agora a programação tem tido ajustes “quase diários”.
Há artistas que querem atuar e outros que preferem adiar os espetáculos para 2021 ou 2022 refere Mónica Guerreiro que tem vindo a adaptar o cartaz às atuais circunstâncias. “A programação tem de gerir o que é ou não possível” indica a responsável que afirma que “é bastante desafiante” programar neste contexto de pandemia.