23 jul, 2020 - 16:47 • Maria João Costa
Para uns é o prato tradicional do Natal, para outros nunca pode faltar em casa o ano inteiro. O bacalhau é um dos peixes essenciais da gastronomia tradicional portuguesa e não há estrangeiro que nos visite que não peça por ele à mesa de um restaurante. Agora, pode ficar a saber como começou a relação dos portugueses com o bacalhau e como, até hoje, o consumimos.
O novo Centro Interpretativo da História do Bacalhau, que abriu esta semana ao público no Terreiro do Paço, em Lisboa, “conta uma das mais épicas histórias de Portugal – a descoberta da Terra Nova e a aventura nos mares gelados pela pesca do bacalhau”, diz a organização em comunicado.
Numa exposição em dois andares é prestada “uma homenagem a um símbolo da gastronomia portuguesa, da cultura popular e da identidade nacional”. O visitante que é logo brindado com vários exemplares de bacalhau seco na entrada, encontra ao longo de vários núcleos a história do “da odisseia de um povo que se lançou nos ‘mares do fim do mundo’”.
Na exposição é também mostrado um dóri, os pequenos barcos nos quais os pescadores eram lançados nas águas geladas para a pesca do bacalhau. Eram homens que arriscavam a vida, e nesta mostra pode conhecer alguns dos seus rostos, e “conhecer as rotinas dos pescadores a bordo”.
O visitante poderá experimentar, durante um minuto, o que era a solidão dos marinheiros do bacalhau a bordo desses pequenos dóris. Trata-se de “experiência interativa e imersiva que pretende recriar a pesca à linha num dóri”, explica o comunicado. Do Museu Marítimo de Ílhavo vieram alguns dos objetos expostos e que ajudam a conhecer melhor o que foram os primeiros tempos desta pesca ao bacalhau.
Ainda no primeiro piso da exposição, é mostrado ao visitante uma recreação do Creoula e da sua frota branca e “ouve-se, em discurso direto, testemunhos únicos de pescadores sobre os momentos épicos e dramáticos que a pesca do bacalhau implicava. Destaca-se ainda, na Propaganda, a forma como o Estado Novo difundiu e manipulou além-fronteiras este tema”.
No segundo andar deste Centro Interpretativo situado no Torreão Nascente do Terreiro do Paço, explica-se “como nasceu o mito do ‘fiel amigo’ à mesa”.
Fundado pela Associação Turismo de Lisboa e pela Câmara de Lisboa, este projeto, que tem como comissário científico Álvaro Garrido, aborda ainda a questão do consumo, da pesca sustentável e as “novas formas de cozinhar” o bacalhau. Esta exposição assume-se de resto como “o único local do mundo onde se explica quem foram o Brás e o Gomes de Sá”.
Antes de sair, o visitante é desafiado a deixar o seu contributo com uma receita de bacalhau. O espaço que contempla também uma mercearia, onde está localizada a bilheteira tem também uma zona de corte e venda de bacalhau, bem como um restaurante de nome Terra Nova e zona de degustação de petiscos.
O Centro Interpretativo da História do Bacalhau está aberto todos os dias, das 10h00 às 20h00, com entradas no valor de quatro euros, estando previstos os descontos habituais.