06 ago, 2020 - 12:11 • Marta Grosso com Lusa
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamenta a morte da atriz Fernanda Lapa, nesta quinta-feira, enaltecendo a sua "voz interventiva nas questões do teatro, da cultura e da intervenção cívica".
Numa mensagem publicada no site da Presidência da República, Marcelo evoca a “longa e ativa carreira” da “atriz, encenadora, professora e militante teatral, inconformada" com o – citando palavras da própria – "'papel de subalternidade a que a mulher tem sido reduzida no teatro português'".
O chefe de Estado destaca como “um dos legados” de Fernanda Lapa “a Escola de Mulheres” e o trabalho constante sobre textos de ou sobre mulheres, desde os clássicos da Antiguidade (como Medeia) até autoras contemporâneas, como Caryl Churchill ou Paula Vogel".
Marcelo envia por fim “sentidas condolências à família” de Fernanda Lapa, que morreu nesta quinta-feira aos 77 anos.
A ministra Graça Fonseca classifica Fernanda Lapa como uma "figura ímpar da história do teatro português nos últimos 50 anos".
Numa publicação na rede social Twitter, o Ministério da Cultura salienta que Fernanda Lapa deu, através do seu trabalho, "oportunidade, palco e voz às mulheres na representação".
O presidente da Assembleia da República defende que o legado de Fernanda Lapa é, "sobretudo, o enorme contributo para a afirmação do papel da mulher" na sociedade portuguesa.
"Até se ouvir a sua voz, quase nenhum texto de autoria feminina era representado e poucas eram as encenadoras em atividade", recorda.
Ferro Rodrigues manifesta ainda tristeza pela morte da atriz e encenadora.
"Recebo, com muita tristeza, a notícia do falecimento de Fernanda Lapa. O percurso de Fernanda Lapa confunde-se com o do teatro português contemporâneo, de que era uma mais figuras mais conceituadas e queridas do público", declarou numa mensagem enviada à agência Lusa.
Recordando alguns pontos da biografia da atriz, que nasceu em 1943 e iniciou o seu percurso artístico em 1962, fundando no ano seguinte a Casa da Comédia, Eduardo Ferro Rodrigues lembra ainda que Fernanda Lapa coordenava, desde 2019, as Comemorações Nacionais do Centenário de Bernardo Santareno (1920-2020), às quais a Assembleia da República se associou.
O presidente do Parlamento recorda, a propósito, que recebeu a atriz, "testemunhando, na ocasião, a sua entrega e dedicação às artes".
Ruy Malheiro, diretor de produção da companhia da Escola de Mulheres, lembra Fernanda Lapa como uma profissional exigente, com quem era um privilégio trabalhar.
“Era um verdadeiro privilégio. Sem dúvida que sempre foi muito exigente em tudo. Em tudo na vida e no teatro não foi menos. Contudo, quem a conheceu e teve o privilégio de poder trabalhar com ela também lhe reconhece o enorme humanismo, o coração gigante que ela tinha para todas as pessoas. Havia sempre uma outra face da moeda”, descreve à Renascença.
O produtor não tem dúvidas de que a atriz e encenadora representa um “marco inegável e inquestionável no panorama cultural português na área do teatro” e destaca, como Ferro Rodrigues, a “mulher muito singular que desde sempre se preocupou por dar lugar e privilegiar o trabalho feminino nas artes em geral e no teatro em particular”.