10 nov, 2020 - 17:30 • Maria João Costa
A Rede Tramontana III, liderada pela portuguesa Binaural, a Associação Cultural de Nodar e que tem vários parceiros em Espanha, França, Itália e Polónia já tinha ganho, em maio, o Prémio Europa Nostra na categoria de investigação. Este projeto transfronteiriço que pretende valorizar e preservar a memória das zonas europeias de montanha, de caráter rural, é agora distinguido também com o Grande Prémio Europeu do Património Cultural/Europa Nostra 2020.
O anúncio foi feito esta terça-feira, num encontro virtual, devido às medidas de proteção contra a Covid-19, em que participaram Mariya Gabriel, a Comissária Europeia para Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude, e Hermann Parzinger, Presidente Executivo da Europa Nostra.
Ao selecionar o projeto da Rede Tramontana III, o júri destacou que “as comunidades rurais montanhosas em toda a Europa têm um património cultural - tangível e intangível - extremamente rico e diversificado” e sublinhou que a natureza transfronteiriça e cooperativa é um “forte exemplo da importância da pesquisa como motor para equipar essas comunidades com as ferramentas necessárias para preservar e celebrar o seu património”.
Também o coordenador da Binaural Nodar, parceiro do projeto, considerou que o Prémio ajudou “a perceber que as pequenas organizações que se dedicam ao património cultural rural e que trabalham em colaboração à escala europeia podem produzir resultados relevantes e de elevado impacto”. Luís Costa afirmou que além de homenagear “as comunidades rurais europeias e as suas memórias”, o prémio também dá “visibilidade à importância do arquivo digital como ferramenta para desenvolver um conhecimento profundo sobre o tecido social da Europa.”
Além da Rede Tramontana III, o júri premiou também outros dois projetos. No comunicado pode ler-se que um deles é “a reabilitação exemplar da Basílica de Santa Maria di Collemaggio, em L'Aquila, Itália, fortemente danificada pelo devastador terramoto de 2009”.
Também laureado com o Grande Prémio foi a exposição “Auschwitz. Não há muito tempo. Não muito longe” organizada pela Polónia e Espanha, que assinalou o 75º aniversário da libertação do maior campo de concentração nazi. Os vencedores do Grande Prémio irão receber, cada um, 10 mil euros.
Na cerimónia, foi também anunciado o vencedor do Prémio Escolha do Público de 2020, selecionado entre os 21 premiados de 15 países europeus.
O projeto de educação, treino e sensibilização “Ambulância para os Monumentos”, da Roménia, “que salvou centenas de edifícios classificados do país através de uma rede de organizações ativas na área do património” foi o distinguido. Segundo a Europa Nostra, “este projeto recebeu o maior número de votos, através de uma votação online com a participação de mais de 12 mil cidadãos de toda a Europa”.
O projeto europeu Rede Tramontana III, liderado pe(...)
A Comissária Europeia para a Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude afirmou que “os vencedores de 2020 dos Prémios Europeus do Património Cultural / Prémios Europa Nostra representam o que a Europa defende: criatividade, resiliência, inovação, solidariedade, talento e dedicação”.
Mariya Gabriel sublinhou na sua comunicação online que, “com o seu trabalho, os vencedores do Prémio ilustram o imenso potencial do património cultural para a recuperação socioeconómica da Europa após a pandemia”.
Também o Presidente Executivo da Europa Nostra destacou que os premiados representam “histórias de excecionais habilidades e trabalho em equipa, dedicação incansável e ação ousada”. “Nestes tempos difíceis, desejo que estes heróis do património possam inspirar muitos outros, na Europa e mais além, através do poder do seu exemplo”, afirmou Hermann Parzinger.
Os Prémios Europeus do Património Cultural / Prémios Europa Nostra foram lançados pela Comissão Europeia em 2002 e a sua atribuição é feita pela voz Europeia da sociedade civil para o património, a Europa Nostra. Estes Prémios têm o apoio do programa Europa Criativa da União Europeia.
Foram ainda conhecidos na cerimónia os dois vencedores da primeira edição dos Prémios Especiais Ilucidare, atribuídos às candidaturas “Arqueologia para um jovem futuro”, de Itália e da Síria, “pela excelência em relações internacionais baseadas no património”; e ao “TYPA - Museu da Impressão e Papel da Estónia”, “pela excelência em inovação no domínio do património”.
O Ilucidare é um projeto financiado pelo programa Horizonte 2020, com o objetivo de estabelecer uma rede internacional para a promoção do património como fonte de inovação e de relações internacionais.