O escritor Mia Couto acaba de vencer o prémio literário Jan Michalski com a trilogia “As Areias do Imperador”.
O prémio atribuído por uma fundação suíça, no valor de 50 mil francos suíços, distingue o conjunto de três livros, “As mulheres de Cinza”, “O Bebedor de Horizontes” e “A Espada e a Azagaia”, que contam a história do chamado Estado de Gaza, o segundo maior império em África dirigido por Gungunhane, como ficou conhecido pelos portugueses
Segundo o júri, esta trilogia, editada em Portugal pela Caminho, destaca-se pela “excecional qualidade da escrita, que mistura subtilmente a oralidade e a narrativa, as cartas, o conto, as fábulas numa realidade histórica de Moçambique no final do século XIX, na luta contra a colonização portuguesa”.
Na trilogia, Mia Couto retoma os factos conhecidos e personagens reais, que combina com ficção, centrando-se na jovem moçambicana Imani Nsambe, educada por missionários, que serve de intérprete às diferentes fações em confronto, ligada por um amor impossível ao militar português Germano de Melo.
A obra tem por suporte a investigação do autor sobre extensa documentação existente em Moçambique e Portugal, assim como testemunhos recolhidos em Maputo e Inhambane.
O título, "As Areias do Imperador", remete para a lenda, segundo a qual, em vez das ossadas de Ngungunyane, foram torrões de terra, areias, que regressaram ao seu país.
Traduzido em mais de 30 línguas, vencedor do Prémio Camões em 2013, Mia Couto foi igualmente distinguido com o Prémio Vergílio Ferreira, em 1999, com o Prémio União Latina de Literaturas Românicas, em 2007, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2011, pelo conjunto da carreira.