15 jan, 2021 - 17:22 • Maria João Costa
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No primeiro dia de confinamento, em que a cultura voltou a fechar portas, foi constituído um grupo de trabalho para traçar uma estratégia para a retoma da atividade, nomeadamente dos chamados festivais de verão. O Governo manteve esta sexta-feira, de forma virtual, um encontro com a Associação de Produtores de Espetáculos, Festivais e Eventos (APEFE).
As reuniões que se querem quinzenais, numa primeira fase, juntaram responsáveis dos ministérios da Cultura, Economia e Saúde, bem como a Secretaria de Estado do Turismo com os organizadores da área cultural.
Em declarações à Renascença, no final do encontro, Luís Pardelha, dos Produtores Associados, fala “numa vontade e interesse mútuo em tentar encontrar uma solução para os próximos meses para viabilizar a realização de festivais de verão, espetáculos de música e outros eventos culturais”.
Este produtor faz as contas aos prejuízos. Indica que “2020 foi um ano em que as empresas de produção de espetáculos tiveram quebras na ordem de 80 por cento”, por isso concluí que espera que “2020 não se repita”.
Luís Pardelha teve de cancelar nos últimos meses alguns dos espetáculos que tinha agendado. Para que 2021 não seja um ano perdido, avança que estão em cima da mesa várias hipóteses que estão a ser avaliadas em conjunto com as autoridades de saúde e elementos do Governo.
Questionado sobre a hipótese de serem feitos testes rápidos, à saliva à entrada dos festivais de verão, Luís Pardelha afirma que “é uma solução”, mas sublinha que “nunca poderá ser uma solução isolada, tem de ser uma solução concertada com outras”.
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Numa fase em que já se deu início à vacinação e que está em curso um novo confinamento com vista a baixar os números de mortes e contágios, os produtores de espetáculos, festivais e eventos referem que “há uma série de questões que juntas poderão vir a viabilizar os eventos de verão”.
“Temos de olhar para frente. Não podemos olhar para o futuro quando o futuro chegar, nessa altura será demasiado tarde”, afirma Luís Pardelha, que refere assim que não há tempo a perder.
Questionado sobre o facto de a cultura ter sido obrigada a parar novamente, este responsável pela área de espetáculos lembra que “não é só a cultura a parar” e que a medida abrange vários setores da economia.
Confrontado com o elogio que diz ter sido feito pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, à forma com a cultura se adaptou às medidas de higiene e segurança impostas pela pandemia, Luís Pardelha reconhece que parece contraditório com a ordem de encerramento. No entanto, este responsável da APEFE sublinha que mais do que contraditório lhe parece ser “injusto que passados sete meses desde que os espetáculos voltaram a realizar-se que não tenha havido uma revisão da lotação das salas, que continua nos 50%”.
Luís Pardelha acrescenta mesmo que a questão da lotação das salas é um dos assuntos em cima da mesa deste grupo de trabalho para os próximos meses. “Não houve, que tenhamos conhecimento nenhum surto ou nenhum caso de Covid-19 alastrado em espetáculos ou eventos culturais que se saiba”, afirma este produtor de espetáculos que remata que “isso prova que a cultura conseguiu ser segura”.
Questionado sobre o impacto para a economia portuguesa devido à travagem a fundo na realização de festivais e espetáculos, este elemento da APEFE admite que essas contas ainda não foram feitas.
“As perdas diretas das empresas da cultura são mais facilmente apuradas”, diz Luís Pardelha, que lembra as perdas de 80%.
Contudo, este responsável levanta a questão das “perdas ao nível do fluxo de turismo, e o impacto económico no comércio fora da área da hotelaria e restauração”.
Pardelha sublinha que “os eventos obviamente têm um grande significado para uma série de empresas que são arrolados neste tipo de eventos”.
Luís Pardelha dá como exemplo Lisboa, onde “esse peso não é tão pesado no final das contas”, mas em contraponto elege Paredes de Coura, “uma vila muito pequena que tem gente que vive de receitas da altura do festival” e onde “o impacto é maior”.
A terminar, e em tom de desabafo, este produtor de espetáculos diz: “no dia em que o INE fizer as contas, o número vai ser esmagador e vai perceber-se que a cultura, a influência e o peso que tem não se esgota nos nossos números, mas também nos números das outras atividades”.