02 mar, 2021 - 12:50 • Lusa
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A 9.ª edição do festival Primavera Sound, no Porto, inicialmente prevista para junho de 2020, voltou a ser adiada mais um ano, para junho de 2022, anunciou esta terça-feira a organização.
"É com muita tristeza que comunicamos que, por motivos de força maior, a nona edição do festival Primavera Sound terá lugar entre 9 e 12 de Junho de 2022", refere a organização do festival.
A "dolorosa" decisão de adiar novamente a 9.ª edição do festival, foi tomada "devido às incertezas que rodeiam a realização de grandes espectáculos nas datas originais do NOS Primavera Sound - 10 a 12 de junho -, que, adicionadas às restrições que existem actualmente, fazem com que não seja possível trabalhar com normalidade na preparação do festival nem assegurar a sua celebração".
"Apesar de dolorosa, sabemos que é a decisão correcta, especialmente para todos aqueles que têm de planear antecipadamente a sua viagem", afirma a organização, garantindo que manteve "contacto permanente com as autoridades locais e com a Direcção-Geral da Saúde, para explorar possíveis soluções".
A organização considera, no entanto, que "a nona edição do festival Primavera Sound merece ser celebrada como antigamente e as restrições a nível mundial fazem prever que isso não seja possível ainda este verão, pelo menos não da forma como deve ser vivida a experiência completa do festival".
À semelhança do que aconteceu em 2020, "todos os bilhetes adquiridos para a edição 2020 e 2021 são válidos para a edição 2022, podendo, naturalmente, o portador solicitar o seu reembolso a partir de 01 de Janeiro de 2022", tal como está definido na lei.
O cartaz da 9.ª edição, que para este ano incluía, entre outros, Tyler, The Creator, Gorillaz, Tame Impala e Pavement, será anunciado "até 5 de junho".
Em Portugal, há vários grandes festivais de música programados a partir de junho, entre os quais Rock in Rio Lisboa (junho), Alive (julho), em Oeiras, Super Bock Super Rock (julho), em Sesimbra, Sudoeste (agosto), em Odemira, e Paredes de Coura (agosto), no distrito de Viana do Castelo, mas os promotores querem saber em que condições os poderão realizar.
Covid-19
Experiências-piloto só deverão arrancar a partir d(...)
Em janeiro, associações representativas do setor dos espetáculos de música iniciaram reuniões, com a tutela da Cultura, e a presença da Direção-Geral da Saúde, em busca de soluções para retomar a atividade depois do confinamento, e tendo em conta o calendário de eventos na primavera e verão.
Na sequência das primeiras reuniões de trabalho, em janeiro, o promotor Luís Montez relatava à agência Lusa já algumas medidas para a realização de eventos com segurança: "É criar espaços, bolhas, livres de covid-19, que é "só entra quem tem vacina ou tem teste negativo", além de outras medidas: "cashless", copos recicláveis, álcool gel a ser distribuído em mochilas. Há várias ideias [como a] colaboração com vários laboratórios, no sentido de "quem tiver bilhete, vai ao laboratório e faz o teste"".
Na semana passada, Luís Pardelha, da Associação de Promotores de Espetáculos, Festivais e Eventos (APEFE), explicou à agência Lusa que já foram feitas propostas para a realização de eventos culturais, com regras de segurança tendo em conta a pandemia da covid-19, mas nada foi ainda decidido.
O grupo de trabalho criado para analisar o modo de retomar a atividade volta a reunir-se na próxima sexta-feira.
Luís Pardelha pede celeridade por parte do poder político em olhar para o setor: "Precisamos de tempo para preparar as coisas, as que puderem acontecer e mesmo as que não puderem acontecer. Não podemos ser confrontados com uma data de reabertura a poucos dias [de esta acontecer]".
Em fevereiro, várias associações do setor enviaram uma carta ao ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, e à ministra da Cultura, Graça Fonseca, com medidas de apoio a uma atividade que "tem estado praticamente paralisada há 11 meses, e não existem ainda bases sólidas que permitam garantir a sua sustentabilidade".
Governo reuniu-se hoje com a Associação de Produto(...)
A APEFE, uma das signatárias da carta e que representa cerca de 60 promotoras e entidades de espetáculos, defende quatro medidas, entre as quais uma linha de crédito específica e um seguro que cubra "pelo menos parcialmente as perdas" associadas a "eventuais restrições" decorrentes da pandemia.
Atendendo ao novo confinamento geral, iniciado a 15 de janeiro, e que se deverá prolongar até março, a associação defende que devem ser estendidas "as datas-limite para os reagendamentos dos eventos, validade e data prevista para reembolso dos "vouchers" no caso de não uso".
"Temos esperança que não só o governo, como a Direção-Geral da Saúde entendam que, [se] não há condições para haver verão, ou que não haja verão dos maiores eventos, (...) se encontre alguma plataforma de entendimento para que o mercado consiga fazer algumas das coisas, ou que possam ser feitas em menor escala", disse.
O verão do ano passado decorreu sem os habituais festivais, com a Associação Portuguesa de Festivais de Música (Aporfest) a estimar uma perda de cerca de 1,6 mil milhões de euros, contra os dois mil milhões originados em 2019.
A APEFE, por seu lado, ainda antes de apurados os números do quarto trimestre de 2020, atestava que o mercado dos espetáculos registara uma quebra de 87%, entre janeiro e outubro, face a 2019, admitindo que a quebra poderia chegar aos 90%, no final do ano.
Os números concordavam com os das plataformas de venda de bilhetes para espetáculos, em Portugal: a BOL registou uma quebra de 91% no volume de vendas, enquanto a Ticket Line e a Blue Ticket disseram à Lusa terem registado perdas superiores a 80%, em 2020.
Portugal Continental está, desde o dia 15 de janeiro, num novo confinamento geral, devido ao agravamento da pandemia de covid-19, com os portugueses sujeitos ao dever de recolhimento domiciliário.
A medida levou ao encerramento de todas as salas e equipamentos culturais.