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Museu do Tesouro Real

Governo, Presidente da República e autarca de Lisboa inauguram museu vazio

07 jun, 2021 - 20:51 • Maria João Costa

Para assinalar a conclusão da nova ala poente do Palácio Nacional da Ajuda, hoje juntaram-se Governo, Presidente da República e autarca de Lisboa numa visita aos espaços vazios do futuro Museu do Tesouro Real. A abertura ao público está prevista para novembro

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Duzentos e vinte e seis anos depois da colocação da primeira pedra do Palácio Nacional da Ajuda, foi concluída esta segunda-feira a fachada poente que faz o remate do edifício. O espaço que vai albergar o futuro Museu do Tesouro Real foi inaugurado, mas ainda com os espaços vazios. A ocasião de ponta e circunstância juntou numa operação para a imagem, o primeiro-ministro, ministra da Cultura, Presidente da República e o autarca de Lisboa.

Lá dentro, e depois de passar a zona de controle de segurança, as paredes brancas contrastavam com o dourado da caixa-forte que irá guardar o tesouro real, mas onde agora apenas foram colocadas duas peças para dar o exemplo do que será o museu que tem abertura prevista para novembro.

A nova ala do Palácio Nacional da Ajuda é um projeto da autoria de João Carlos Santos, arquiteto da Direção-geral do Património Cultural que deu a conhecer a obra. “Trata-se de um museu do Século XXI”, afirmou o seu autor que explicou que a estrutura contruída “não toca no Palácio Nacional da Ajuda”, está encostada ao edifício que alberga o Ministério da Cultura.

João Carlos Santos avança com os números “foram usadas mil toneladas de aço”. Com uma área construída de 12 mil metros quadrados, o edifício, tem no centro uma caixa-forte com “40 metros de comprimento, por 10 metros de largura e 10 de altura”, detalhou o arquiteto.

Lá dentro vão ficar cerca de “mil peças restauradas, apresentadas em 11 núcleos” com design de Francisco Providência e Miguel Palmeiro. A gestão da obra ficou a cargo da Associação de Turismo de Lisboa. João Carlos Santos lembra orgulhoso que “desde há 40 anos que não era criado um museu nacional de raiz”.

A obra que começou orçada em 15 milhões, acabou por custar 31 milhões de euros. Parte financiada pela famosa taxa turística aplicada em Lisboa que Fernando Medina tanto viu criticada. O autarca de Lisboa, num discurso em que não deixou de elogiar os anteriores ministros da Cultura, João Soares e Luís Filipe Castro Mendes, recordou a “aspereza do debate” em torno da taxa “a que apelidaram de taxinha”.

Fernando Medina referiu que “o tempo veio dar razão” à opção de usar a taxa turística de Lisboa para financiar a obra. Sem se referir à derrapagem no valor global da obra, o autarca explicou que 17 milhões da verba usada são do Fundo para o Desenvolvimento Turístico. O que nas contas do autarca representam, “em quatro anos de obra, cerca de quatro milhões ano” investidos no futuro museu.

As joias roubadas e a gafe de António Costa

Numa tarde marcada por discursos de elogios, António Costa referiu-se ao arquiteto autor do projeto como um homem de “coragem”, lembrando que na arquitetura, ao contrário de outras áreas, a obra de um arquiteto é sempre pública e de escrutínio publico.

A ala poente do Palácio Nacional da Ajuda, que ao longo de 226 anos teve sucessivos projetos e percalços, foi financiada também em parte com a verba da indemnização que Portugal recebeu depois do roubo das joias da coroa, durante uma exposição na Holanda.

Falando de improviso, o primeiro-ministro afirmou esta tarde que a verba para esta obra do futuro Museu do Tesouro Real vem “uma parte pequena do Estado”. António Costa esclareceu que é “suportada pela indeminização cobrada a uma companhia de seguros pelo roubo das peças, felizmente recuperadas”. A frase provocou o sobressalto em alguns dos convidados da assistência, pois as joias nunca foram encontradas.

E Costa insistiu no erro, garantindo que Portugal não só tinha recuperado as joias roubadas na Holanda, como ainda tinha recebido a indemnização. “Não podia aqui, deixar de registar, este facto importante, que é o facto de apesar de termos recuperado as peças, não termos deixado de cobrar no devido tempo a devida cobertura pelo seguro”.

Gafes à parte, a tarde de visita aos espaços vazios do museu fica ainda marcada pelo discurso de José Luís Arnaut. O social-democrata que é presidente adjunto da Associação de Turismo de Lisboa, não poupou nos elogios à obra agora concluída. “Dia histórico” afirmou Arnaut, que diz que assim se “superou a maldição de D. Maria e dos tempos de pandemia”.

A fechar os discursos, o Presidente da República destacou este dia de conclusão da fachada do Palácio Nacional da Ajuda como “um momento em que se faz história.” Marcelo Rebelo de Sousa, que muitas vezes recebe chefes de Estado nas salas de Ajuda, em cerimónias e jantares oficiais, concluiu o seu discurso lembrando que as joias que serão expostas não serão “ícones da monarquia, mas legados e símbolos não apenas do poder político, mas da continuidade da soberania”.

Discursos à parte, as salas continuam vazias, sem joias, que, entretanto, têm vindo a ser recuperadas e restauradas ao longo dos últimos anos para serem expostas a partir de novembro, mês para o qual está prevista a abertura ao público do Museu do Tesouro Real.

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