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​Festival Imaterial. Évora apresenta nova proposta para pensar e viver o património

18 jun, 2021 - 18:53 • Rosário Silva

A uma dezena de concertos, uma conferência internacional e um encontro de música ibérica, junta-se a apresentação de um laboratório de investigação sobre património, artes, sustentabilidade e território. É a “edição zero” do Festival Imaterial que arranca em Évora esta sexta-feira, dia 18, para se prolongar até 26 de junho.

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Mali, Turquia, Itália, Azerbaijão, Hungria, Mongólia e, naturalmente, Portugal, são alguns dos países que marcam presença no Festival Imaterial, a nova proposta cultural que Évora apresenta a partir desta sexta-feira e até dia 26 de junho.

Pretende-se promover o património imaterial da humanidade consagrado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), de que faz parte, desde 2014, o cante alentejano, além “do fado, do flamenco e de vários outros géneros musicais planetários que devem ser protegidos e valorizados”, sublinha uma nota enviada à Renascença.

Na apresentação do evento, Luis Garcia afirmou que “as tradições devem ser resgatadas da poeira dos tempos e projetadas para o futuro” como forma de reforçar “a relação identitária que as pessoas têm com os lugares, com os patrimónios físicos”. Para o programador da Câmara Municipal de Évora. “nada melhor que o património imaterial, que são as musicas dos povos do mundo, para estabelecer essa mediação sobre esses lugares.”

A direção e curadoria estão a cargo de Carlos Seixas, que considera o programa do Imaterial como “uma declaração clara sobre a diversidade criativa dos povos, das influencias mútuas originadas pelo caudal secular das migrações, de artistas que enriquecem e reinventam as memórias do passado, contribuindo para o cancioneiro imaterial da humanidade.”

O diretor artístico do conhecido Festival Musicas do Mundo de Sines, aceitou este novo desafio que “apresenta um cartaz paritário, colocando-se na frente de combate à desigualdade de género”, e que, no seu entender, vai contribuir para “uma melhor compreensão das tradições e uma aproximação ao que será uma verdadeira cartografia musical.”

Candidata a Capital Europeia da Cultura em 2027, a cidade de Évora encontra nesta iniciativa, mais uma oportunidade de afirmar a cultura como veículo estratégico de desenvolvimento. Por isso, sublinha o presidente do município, Carlos Pinto Sá, “a ideia do festival não é só o espetáculo, mas é também as relações entre os diversos grupos, que se conhecem e se valorizam.”

Uma opinião complementada por Eduardo Luciano. O vereador com o pelouro da cultura na Câmara eborense não tem duvidas em afirmar que os próximos dias, são “momentos de afirmação de paz, de cruzamentos e fusões de cultura”, precisamente aquilo que “mais precisamos, para afastar alguns espetros mais negros que pairam sobre a nossa cabeça.


Concertos, encontro de música ibérica e conferência sobre Património Imaterial

O festival começa esta sexta-feira, com um concerto, no Teatro Garcia de Resende, do maliano Ballaké Sissoko, prosseguindo no dia 19 com a musica curda de Aynur, da Turquia. O programa de sábado à noite fica completo com os sardos Concordu & Tenore Orosei que se juntam no palco do Jardim Público, ao Grupo de Cantares de Évora, para um espetáculo dirigido pelo violoncelista Ernst Reijseger.

No dia 20, sobe ao palco a cantora cigana, natural da Hungria, Mónika Lakatos, e, mais tarde, é a vez de atuar a conhecida fadista portuguesa, Aldina Duarte.

A 21 de junho, oriundo do Egito, atua Mustafa Said, um dos maiores conhecedores da musica clássica árabe, e o grupo Egschiglen, proveniente da Mongólia.

O cartaz prossegue a 22 de junho, com Mari Kalkun, da Estónia, e com o grupo francês San Salvador, da região da Occitânia. O encerramento deste conjunto de concertos é feito pela artista Faghana Qasimova, do Azerbaijão.

Além da música, o evento oferece outras iniciativas que vão ao encontro deste propósito de colocar em diálogo os patrimónios edificado e imaterial.

Assim, para “agitar o pensamento em torno destes legados”, a 24 de junho realiza-se uma conferência internacional sobre Património Imaterial da Humanidade que junta especialistas mundiais nesta matéria, entre jornalistas, programadores e influenciadores.

Conte também, a 25 de junho, com a apresentação do Laboratório de investigação IN2PAST, cuja sede será a Universidade de Évora. O âmbito desta estrutura vai “da paisagem às artes, dos monumentos aos museus e arquivos, passando pelas políticas públicas de memória”, anunciam os organizadores. Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, este projeto conta com o envolvimento das Universidades Nova de Lisboa e a do Minho.

Mas não é tudo. Entre os dias 24 e 26 acontece o Iberian Music Meeting. São três dias, preenchidos por “conferências, mesas redondas, oficinas, speedmeetings (encontros rápidos) e showcases (pequenos concertos)”, onde as músicas de raiz e expressão ibérica se dão a conhecer a “um amplo conjunto de programadores, agentes, promotores, produtores, editoras, técnicos e jornalistas de todo o mundo.”

Os promotores do Imaterial querem, desta forma, promover “o alcance internacional da sua expressão e assumindo um compromisso de celebrar as músicas ligadas ao passado garantindo-lhes também a viabilidade de um futuro.”

Além da autarquia, o Imaterial é promovido também pela CIMAC – Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central e pela Fundação Inatel.

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