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Vila Real. “Festival Lua Cheia - Arte na Aldeia” de regresso a Coêdo

19 jul, 2021 - 08:43 • Olímpia Mairos

Promovido pela Peripécia Teatro, o evento apresenta cinco espetáculos de teatro e uma sessão de cinema. Destaque, também, para a inauguração da obra “Tragos e Komos”, de Carlos No.

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O festival Lua Cheia - Arte na Aldeia, uma iniciativa da Peripécia Teatro, cooperativa cultural que está, desde 2007, estabelecida no concelho de Vila Real, arranca na terça-feira e promete invadir de cultura a pequena aldeia de Coêdo, da freguesia de Adoufe, no concelho de Vila Real.

Até domingo, a aldeia vai ser palco de cinco espetáculos de teatro e uma sessão de cinema, iniciativas que acontecem ao ar livre e que têm como objetivo “colocar a arte em diálogo com o espaço e a comunidade rural”.

Além de uma noite inteiramente dedicada ao cinema, a edição deste ano, reserva, ainda, lugar para as artes plásticas, destacando-se a inauguração da obra “Tragos e Komos”, da autoria do artista plástico Carlos No, logo no primeiro dia do festival.

“Fardo” no arranque do festival

As máscaras de Lazarim vão receber o público naquele que é o primeiro dia do Festival Lua Cheia – Arte na Aldeia, num divertimento sobre a morte com o espetáculo “Fardo”. Um arranque que promete “envolver o público no jogo teatral da máscara, num espetáculo de carácter poético e universal”.

Já a 21 de julho, os espectadores são convidados a entrar numa viagem em que os contos assumem o papel principal. “Conto Contigo”, uma coprodução com o Espaço Miguel Torga e o Município de Sabrosa, dá vida aos contos de António Modesto Navarro, Miguel Torga e João de Araújo Correia, acompanhados pela música ao vivo de Rui Fernandes.

“Na fronteira da narração com a representação teatral, este é o momento perfeito para que os contadores de contos da plateia se voluntariem e que se tornem o ator principal da história”, refere a organização em comunicado.

O teatro regressa ao palco no dia 22, numa noite reservada para a segunda parte do “Zona”, do Projeto Ruínas, peça que se debruça sobre a pandemia e que conta histórias das pessoas vítimas de patologias, maleitas e infeções de todo o tipo.

Ao teatro segue-se o cinema, no dia 23, com “E agora, onde vamos?”, um filme de Nadine Labaki.

Já na noite seguinte, subirá ao palco “Filho?”, uma interrogação teatral para a infância e juventude, criada em conjunto pelo Teatro O Bando e pelo Teatrão, a partir do romance “Para Onde Vão os Guarda-Chuvas”, de Afonso Cruz.

O festival Lua Cheia fecha o pano a 25 de julho, com uma produção da Peripécia Teatro: “13”.

O programa do festival integra, ainda, e a seguir a cada espetáculo, um momento de tertúlia, que junta artistas e espectadores, e que será moderado por um elemento da Peripécia Teatro.

Carlos No confronta conceitos de território, fronteira, margem e exclusão

Convidado pelo Teatro Peripécia para integrar a edição deste ano do Lua Cheia – Arte na Aldeia, Carlos No é o autor de “Tragos e Komos” – palavras gregas que significam “besta” e “festa”, respetivamente, e que estão na origem das palavras tragédia (tragoidia) e comédia (komoidia).

A obra, inédita, que foi concebida para ser colocada junto à entrada do espaço da Companhia de Teatro Peripécia, em Coêdo, apresenta-se “como um de sinal de ‘trânsito proibido’ adulterado e onde o artista trabalhou os conceitos de território, fronteira, margem e exclusão”.

Carlos No questiona, de forma irónica, estética e lúdica, os conceitos de território, fronteira, margem e exclusão, com o objetivo de conduzir à reflexão e levar a “repensar a relação com o outro, a relação normativa, de poder e de superioridade do Homem face ao seu semelhante, com as respetivas implicações em termos de abuso de poder, restrição de liberdades ou, até mesmo, do direito à vida”.

De acordo com a organização da iniciativa, o conceito geral do festival Lua Cheia – Arte na Aldeia reside “exatamente na importância de colocar a arte em diálogo com o espaço e comunidade rural e surge do objetivo da Peripécia em se abrir à sua comunidade local, completando a sua presença diária na aldeia e fazendo com que a arte seja respirada no seu dia-a-dia”.

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