20 jul, 2021 - 14:58 • Maria João Costa
São consideradas “doações de grande importância que valorizam e reforçam o acervo” do Museu Nacional do Teatro e da Dança (MNTD), em Lisboa. Em comunicado, a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) confirma que nos últimos meses aquele museu concluiu um processo de doações provenientes de nomes importantes ligados ao teatro e meio artístico.
Entre os espólios doados destacam-se o do antigo bailarino, coreógrafo e figurinista Armando Jorge, o espólio e a biblioteca do ator e encenador Rui Mendes, a coleção de manuscritos originais do dramaturgo Carlos Selvagem doada pela família, o acervo da pintora, figurinista e cenógrafa Vera Castro, doado por Rui Morais e Castro e por último um quadro do pintor Manuel Amado.
A DGPC fala do “reforço” da coleção do MNTD e explica que, no caso de Armando Jorge que se trata de uma doação em vida, contempla um acervo que “não só tem a maior importância para a história da dança em Portugal, como também para o conhecimento da evolução da dança a nível internacional, uma vez que Armando Jorge, além da carreira internacional, foi também um exímio colecionador de objetos e de documentação associados à dança europeia.”
Ensaio Geral
São convidados do Ensaio Geral, Rodrigo Francisco (...)
Armando Jorge começou a sua carreira em Portugal como bailarino, onde passou pelo Círculo de Iniciação Coreográfica de Margarida de Abreu e pelos Bailados Verde Gaio. Porém, antes de viajar para o Canadá onde integrou os Grands Ballets Canadiens. Chegou a desempenhar funções como professor e codiretor do Ballet Jazz de Montreal. No regresso a Portugal fez parte do Ballet Gulbenkian, onde se iniciou como coreógrafo. Entre 1978 e 1993 foi diretor da Companhia Nacional de Bailado.
Também em vida, aos 84 anos e ainda no ativo, o ator Rui Mendes doou ao MNTD o seu espólio e biblioteca. “Além de documentar uma notável carreira, o espólio de Rui Mendes agora entregue contempla também a sua uma vasta e rica biblioteca teatral e um núcleo documental do ator Henrique de Albuquerque”, avô de Rui Mendes, diz a DGPC em comunicado.
Rui Mendes que estudou arquitetura, tornou-se ator profissional em 1956 no palco do Teatro da Trindade. Integrou várias companhias, entre elas, o Teatro Popular de Lisboa, Teatro Moderno de Lisboa, Teatro Nacional Popular, Grupo 4/ Teatro Aberto - de que foi um dos fundadores. Mais recentemente esteve no elenco do Teatro da Cornucópia, Teatro Nacional D. Maria II e Teatro da Malaposta. Rui Mendes tem feito também cinema e televisão e dedicou-se ao ensino na Escola Superior de Teatro e Cinema até 2000.
O MNTD passa também a partir de agora a contar com a coleção de manuscritos originais do dramaturgo Carlos Selvagem que foi doado pela família do dramaturgo desaparecido em 1973. “Trata-se de uma coleção da maior importância para a preservação e para o conhecimento da dramaturgia e do teatro português”, refere a DGPC. Autor que chegou a ser presidente da Sociedade Portuguesa de Autores entre 1968 e 1973, deixou no espólio da dramaturgia escrita em português textos como “Ninho de Águias” (1920), “O Herdeiro” (1923), “Telmo, o Aventureiro” (1937), “A Encruzilhada” (1941), “Espada de Fogo” (1949), “O Anjo Rebelde” (1962) ou “A Bela Impéria” (1966).
Entre as novidades que passam a integrar a coleção do MNTD está uma pintura de Manuel Amado. O artista que morreu em 2019 teve uma carreira ligada ao teatro. Ao museu foi entregue o quadro a óleo intitulado “A última ceia dos polichinelos” de 2005
Também o espólio da pintora, figurinista e cenógrafa Vera Castro foi entregue ao museu por Rui Morais e Castro. Criadora de figurinos para coreografias de Olga Roriz, Paulo Ribeiro, Né Barros, Rui Lopes Graça e Mehmet Balkan, entre muitos outros, Vera Castro tem também o seu trabalho como pintora representado na coleção do Ministério da Cultura e em coleções particulares.
O espólio de Vera Castro agora doado ao MNTD, “é constituído por figurinos, trabalhos plásticos para cena e documentação diversa, que ilustram não apenas a sua notável carreira artística como criadora plástica do espetáculo, mas também alguns dos momentos mais marcantes da nossa criação contemporânea no teatro e na dança”, explica a DGPC em comunicado.