10 nov, 2021 - 07:05 • Maria João Costa
“Estou orgulhoso por ainda cá estarmos e organizarmos isto com toda a liberdade”. É desta forma que o produtor Paulo Branco se refere à décima quinta edição do Lisbon & Sintra Film Festival que começa esta quarta-feira. O organizador do festival que este ano é dedicado à cultura Rom, mais conhecida entre nós pela expressão do povo cigano, lembra que vão estrear muitos filmes que ficaram por acabar com o estalar da pandemia.
Em entrevista ao programa Ensaio Geral, Paulo Branco começa por assumir a urgência da escolha da temática deste ano do evento. Para o produtor destacar a cultura Rom é uma “afirmação política de um grupo de cidadãos”. Nas suas palavras, a “celebração da cultura Rom” acontece “sobretudo devido aos tempos que se passam e aos discursos xenófobos que cada vez mais há na Europa”.
Através de concertos, debates e cinema esta expressão cultural será destacada. Exemplos disso são a exibição de filmes como “Balada do Batráquio” da portuguesa Leonor Teles, ou “Gato Preto, Gato Branco” de Emir Kusturica. Mas Paulo Branco faz outro destaque. A exibição em sala de filmes de Charlie Chaplin.
Trata-se de “uma atenção muito especial ao Charlot”. A família Chaplin que vai marcar presença no festival, diz Branco, “reivindica de forma militante a origem cigana do pai, avô e bisavô” de Chaplin. Entre os filmes que serão mostrados está “The Kid – O Garoto de Charlot” numa versão restaurada 4K.
De resto no cartaz deste ano do Lisboa & Sintra Film Festival serão feitas cinco homenagens, uma delas a Jane Campion, a realizadora do famoso “O Piano”. No festival, diz Paulo Branco será a oportunidade única de ver em sala o mais recente filme “The Power of the Dog” com que a cineasta é candidata aos Óscares da Academia.
A obra do produtor do filme “Listen” de Ana Rocha, Rodrigo Areias vai também estar em destaque. O público vai poder ver dois filmes inéditos, “Vencidos da Vida” e o mais recente, “Arte da Memória”.
Um dos ciclos temáticos, dedicado à “Morte de Deus”, comissariado por Alexey Artamonov, Denis Ruzaev e Inês Branco López vai contar com filmes como “Maria Madalena”, de Abel Ferrara, “Les Imortelles”, de Caroline Deruas ou “Em Nome do Pai”, de Marco Bellocchio.
O cartaz deste ano do festival conta também com música. O concerto de encerramento está a cargo do músico e realizador Emir Kusturica que se faz acompanhar pela sua banda The No Smoking Orchestra, no dia 20 de novembro, às 21horas, no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra.