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Capital Europeia da Cultura 2027

Pode a “alma do Alentejo” caber numa caixa? Évora acredita que sim

23 nov, 2021 - 14:30 • Rosário Silva

Para Évora e para o Alentejo “é a oportunidade para reposicionar a cidade e a região, preparando-as para os desafios climáticos, económicos e sociais” que se aproximam.

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O cheiro do alecrim não chega aos leitores, mas o aroma desta erva aromática, caraterística da região alentejana, contido num pequeno saco de pano, segue no interior da caixa, que guarda religiosamente os 20 volumes que suportam a candidatura de Évora a Capital Europeia da Cultura (CEC) 2027.

“Estamos convictos de que é uma candidatura ganhadora”, pois “tem aquilo que é a alma do Alentejo”, disse, esta manhã, aos jornalistas, o presidente da Câmara Municipal de Évora, confiante “numa candidatura ganhadora”.

Carlos Pinto de Sá, juntamente com a Equipa de Missão, deixaram na estação local dos CTT, o dossiê de candidatura que vai chegar ao júri internacional, através do Ministério da Cultura, com a proposta de Évora para ser Capital Europeia da Cultura.

E, afinal, que argumentos estão naquela caixa? “Os argumentos são a identidade do Alentejo”, responde o autarca. “Ninguém tem a identidade do Alentejo, que pode ser vista na cultura da região, na preservação ambiental, nas questões ligadas à sustentabilidade ou nas questões da história da região e do seu contributo durante séculos”.

O documento contém a estratégia da cidade e o programa cultural e artístico a desenvolver no ano do título, e depois deste, numa versão que resultou do trabalho efetuado pela Equipa de Missão, “de escuta do território, ouvindo pessoas e comunidades, criando pontes e promovendo o diálogo e a comunicação”, o que aconteceu nos últimos meses.

A palavra “vagar”, uma expressão típica do Alentejo, dá mote à candidatura, que privilegia a criação de projetos de artistas e organizações locais, promovendo o tecido cultural de Évora e do Alentejo a nível nacional e internacional. Herança cultural, intangibilidade e biodiversidade, são os três eixos do programa.

Para a coordenadora da Equipa de Missão, esta “é uma candidatura forte, pois parte do Alentejo, o território que lança grandes questões à Europa “nomeadamente “ao nível da humanidade”.

Paula Mota Garcia acredita “numa candidatura vendedora” o que para Évora e o Alentejo pode representar “o ganhar uma escala de voz a nível europeu” além de “toda uma partilha e a união de vozes dentro do território, todas para o mesmo fim”.

“Queremos ganhar”

Criada em 1985, a iniciativa cultural mais emblemática da União Europeia pretendia ser uma celebração das artes, com a duração de um ano, na cidade que recebia o título. Hoje, a Capital Europeia da Cultura é considerada uma oportunidade para revitalizar as cidades, tendo a cultura como catalisador e motor de desenvolvimento, para transformar as comunidades.

No caso de Évora e do Alentejo, esta candidatura, segundo a Equipa de Missão, “é a oportunidade para reposicionar a cidade e a região, preparando-as para os desafios climáticos, económicos e sociais” que se aproximam.

“Reavaliando o passado, potenciando os recursos do presente e projetando um futuro comum, abrimos caminho para uma transformação profunda, construída coletivamente, que terá um impacto na vida de todos”, salientam os promotores.

“Estamos numa competição, mas temos boa relação com todas as outras equipas de cidade e sabemos que as candidaturas vão ser muito boas”, menciona a responsável, contudo, “acreditamos naquilo que estamos a fazer e queremos ganhar”.

A ‘shortlist’ (ou lista restrita) das cidades candidatas a Capital Europeia da Cultura 2027 que vão ser convidadas a detalhar as suas propostas, de acordo com um conjunto de recomendações, vai ser publicada no início do próximo ano.

Quanto à decisão final do júri, composto por 12 elementos, dois deles portugueses, será conhecida “em dezembro de 2022 ou janeiro de 2023”.

Refira-se que a decisão de avançar com a candidatura da cidade a Capital Europeia da Cultura, em 2027, foi anunciada em 2019, pela Câmara Municipal de Évora. Aconteceu no decorrer do encontro internacional "Culture Capital Cities", evento que serviu de ponto de partida para o trabalho que se seguiria.

Além da autarquia, a comissão executiva da candidatura integra também a Turismo do Alentejo e Ribatejo, Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo, Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Alentejo, Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central, Direção Regional de Cultura do Alentejo, Fundação Eugénio de Almeida e Universidade de Évora.

Refira-se que, em Portugal, além de partilharem mais de nove séculos de história, as cidades de Lisboa, Porto e Guimarães já foram Capital Europeia da Cultura: Lisboa (1994), Porto (2001) e Guimarães (2012).

As três cidades portuguesas fazem parte do conjunto de mais de 60 cidades que já receberam este título, que quer celebrar a diversidade e a riqueza das culturas na Europa. Em 2027, uma cidade em Portugal, e outra na Letónia, serão Capital Europeia da Cultura.

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