29 nov, 2021 - 18:09 • Maria João Costa
Depois da ministra da Cultura, Graça Fonseca, ter assegurado que os novos achados arqueológicos descobertos na Sé Patriarcal de Lisboa eram para ficar no local, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) revelou, esta segunda-feira, o novo projeto de musealização.
As obras deverão avançar no início do próximo ano, diz em entrevista à Renascença o diretor-geral do Património, João Carlos Santos.
“A expetativa que temos é que a obra possa ser reiniciada em janeiro de 2022 e que possa estar concluída até ao final do terceiro trimestre de 2022”, explica o arquiteto.
Questionado sobre o projeto agora apresentado, e depois de diversos pareceres, João Carlos Santos sublinha que foi feito “um esforço” para efetuar alterações ao projeto anterior, de forma a “integrar todos os vestígios da época islâmica que a DGPC já tinha previsto preservar”.
O responsável da DGPC acrescenta que “surgiram outros” vestígios no decurso das obras e “são esses agora que serão também integrados no projeto fazendo as alterações”.
“Não há consenso” sobre vestígios islâmicos
Subsiste, contudo, a polémica sobre os achados arqueológicos encontrados e os especialistas dividem-se sobre se são, ou não, da antiga mesquita de Lisboa.
“Não há um consenso”, refere João Carlos Santos. O arquiteto, autor do projeto do Museu do Tesouro Real acrescenta que, “independentemente dessa controvérsia, se é mesquita, se não é mesquita, os vestígios correspondem a uma época islâmica, e a nossa intenção é preservá-los o mais possível, musealizá-los e disponibilizá-los, para que todos possam ver estes vestígios importantes que fazem parte da História da nossa cidade e do nosso país”.
Para outra área da Sé de Lisboa, como já estava previsto, também na zona desta intervenção, vai ser criado “um conjunto de circuitos de visita que passam junto a estas ruínas”, explica o diretor-geral da DGPC. João Carlos Santos sublinha que será visitável para o público em geral e pessoas com mobilidade reduzida.
Rever todo o projeto museológico para a Sé de Lisboa foi um “processo delicado e moroso”, classifica o diretor-geral.
O arquiteto lembra que as alterações foram complexas porque “envolvem muitas especialidades. Não é só arquitetura, são também estruturas, estabilidade, tratamento de ar e eletricidade”, refere, concluindo que “foi preciso rever tudo para dar resposta a este desafio de colocar estes vestígios musealizados”.