16 dez, 2021 - 13:48 • Maria João Costa
Ainda lhe falta comprar algum presente? Para o tio, a mãe, ou uma prima? Um livro é sempre uma boa sugestão e alguns dos que chegaram recentemente às livrarias podem ser o livro que procura. O programa Ensaio Geral da Renascença apresenta-lhe quatro escolhas.
A história deste livro fala de um amor predestinado. O autor Afonso Cruz escreve que eles são “como os amantes nos contos de fadas”. Theobald e Bluma são as personagens centrais do romance “Sinopse de Amor e Guerra”, agora editado pela Companhia das Letras. Este é um livro da série Geografias que o autor tem vindo a construir. A obra foi escrita durante uma residência literária em Berlim, na Alemanha.
Afonso Cruz revela que na base do livro está uma história real de um casal que ouviu “há vários anos”, que não esqueceu, e que agora resolveu “transformar num romance”. Como pano de fundo está a construção do Muro de Berlim em 1961.
“Há várias histórias de todos os tipos a respeito do Muro, mas estas que envolvem separação de pessoas são particularmente trágicas para a vida”, explica o autor. “Estas histórias tinham camadas e dimensões éticas muito fortes”, diz Afonso Cruz, que adaptou uma delas para o seu novo livro.
São 93 anos de vida contados em quase 300 páginas. “O Homem Infinito” é uma biografia sobre a vida e obra do pintor Nadir Afonso. Nascido em Chaves, o artista foi durante muitos anos arquiteto, trabalhou com nomes como Le Corbusier ou Óscar Niemeyer. Mas a pintura foi sempre um chamamento. Esta vida cheia, entusiasmou o biógrafo Guilherme Pires a responder ao desafio da família e da viúva Laura Afonso para escrever o livro.
O trabalho “foi muito complexo e difícil”, revela o autor que explica que a vida de Nadir “não foi só longa, foi uma vida muito múltipla”. Nadir “quis estudar pintura, mas acabou a estudar arquitetura por acidente”, contudo, as artes plásticas foram sempre a sua paixão.
Mestre do surrealismo, à abstração, passando pelo geometrismo, Nadir Afonso deixou “muito material escrito”, diz Guilherme Pires que leu tudo e documentou-se para esta biografia muito completa de um homem intenso, e artista completo.
Este é um livro que pode ser lido, cantado e pintado. “O Meu Cavalo Indomável” é o primeiro livro de rimas para crianças. Escrito pelo autor David Machado, este livro conta com as ilustrações de Ricardo Ladeira. Para o autor, este é um livro diferente dos que escreveu até hoje e afirma que “sem a pandemia não teria escrito um livro assim”.
“Escrevi 90 textos num curto espaço de tempo, sempre de improviso”, conta David Machado, que confessa que “há muito tempo” queria fazer um livro de rimas. Ele próprio já tocou e cantou algumas dessas rimas que deixa aos seus leitores.
Este livro para todas as idades deixa o autor satisfeito pelo caráter de partilha que pode ter entre toda a família. Estas rimas que guardam pequenas grandes histórias estão num livro que David Machado diz que “mostra muito bem” o que vai na sua cabeça, onde habita uma “quantidade de histórias, personagens e situações”. “Sinto-me muito próximo da minha infância, sinto que ela aconteceu há dois meses e a escrita ajuda a pôr isso cá para fora. É assim que olho para o mundo”, diz o autor.
“O Gato que Chora Como Pessoa” é o livro de um autor que a pandemia impediu de viajar para Portugal para receber o Prémio Branquinho da Fonseca Expresso/Gulbenkian 2019. Geremias Mendoso é um jovem escritor moçambicano, de 23 anos, enfermeiro de profissão, que teve de pedir internet emprestada para poder assistir à distância à entrega do prémio ao seu primeiro livro.
No júri do prémio estava a escritora portuguesa Ana Maria Magalhães, que explica que este livro de contos do autor que vive em Nampula transmite “um ambiente, uma realidade, uma cultura em personagens que ganham vida em poucas páginas”.
“É um livro comovente que toca ao coração, porque mostra a realidade daquele país onde tudo é difícil”, explica a autora da coleção Uma Aventura. “Criamos uma grande empatia e ternura com aquelas personagens e é bom para jovens adultos portugueses tomarem bem consciência de como é o mundo em que vivemos”.