25 mar, 2022 - 15:03 • Rosário Silva
Uma centena de fotografias, atuais, que representam pessoas e o quotidiano, entretanto transformado pela guerra, podem ser vistas a partir desta sexta-feira, no Centro Interpretativo da Cidade de Évora, situado no Palácio de D. Manuel.
Organizada pela Câmara Municipal de Évora, a nova exposição intitula-se “Sem título, original” e é da autoria do reconhecido fotógrafo José M. Rodrigues,
“No trabalho final desta exposição aconteceu a guerra. A parte humana foi invadida por ela. Mostrar a vida tornou-se uma prioridade, por isso modifiquei a exposição. A par do sonho de mostrar a vida que é possível, estas fotografias pretendem também e com urgência alertar para o que é viver debaixo de guerra”, explica o autor, citado num comunicado enviado à Renascença, pelo município eborense.
A mostra é composta por fotografias recentes realizadas pelo fotógrafo, com as suas próprias impressões. “Também devido ao que está a acontecer no mundo nos últimos dias, o conteúdo da exposição mudou e nós também. Há mais pessoas representadas, para mostrar como é importante a vida em que vivemos e o que é a nossa realidade atual no nosso meio geograficamente distante e próximo. É natural, portanto, que a exposição tenha outro rumo dentro de outro tempo”, explica o também galardoado com o Prémio Pessoa em 1999.
O projeto contempla ainda, segundo José M. Rodrigues, “um laboratório de imagens ligado ao momento atual, mas, também, uma exposição ontológica em construção que irá evoluir nos próximos três meses.”
As obras estão divididas por painéis, cada um dos quais com várias fotografias. “Deste modo, cria-se uma sequência entre os painéis em si e uma sequência interior em cada painel que constrói um todo”, indica o fotógrafo.
Outro aspeto da exposição prende-se com os grandes formatos. “São faixas em papel puro de algodão soltas no espaço e no ar, que possibilitam uma aproximação grande com o olhar”, refere José M. Rodrigues.
“Sem título, original” vai poder ser visitada, de segunda a sábado, até 26 de junho, no Palácio de D. Manuel.
Com uma vida artística há muito ligada a Évora e ao Alentejo, onde cresceu apesar de ter nascido em Lisboa, o fotógrafo tem-se dividido entre Portugal e a Holanda, estando ligado à capital do alto Alentejo, onde leciona no departamento de Artes Visuais da universidade, desde 2009. Um dos pontos altos da sua carreira, foi, precisamente, a atribuição do Prémio Pessoa, em 1999, pelo conjunto da sua obra artística e pela sua contribuição às artes de Portugal.