17 abr, 2022 - 20:50 • Filomena Barros
“Numa certa altura da minha vida, passados alguns problemas, a morte do meu pai, cancro da mama e essas coisas todas, resolvi cuidar muito mais de mim”, conta Alessandra Lossaco à Renascença.
“Comecei a estudar muito, a aprender muito e a conhecer um pouco da alimentação que eu defendo, que é a alimentação ‘low carb’ [baixa em hidratos de cartbono], que nada mais é do que comer comida de verdade”, acrescenta.
Alessandra Lossaco foi depois “tentando refazer algumas receitas tradicionais, tirar a farinha de trigo, os açucares”, e mostra tudo no Instagram, que “foi crescendo”.
A partir das redes sociais, nasceu o livro, que tem algumas receitas novas mas também as “’best off’ do Instagram”. A autora passou três dias a cozinhar e a tirar fotos. Mas este não mais um livro de dietas.
“Há tantas dietas por aí – a dieta da chuva, da água, da sopa – e as pessoas encaram isto como uma dieta, mas isto não é, é um estilo de vida”, sublinha a brasileira.
“Simplesmente, a gente tira aquilo faz mal e fica com aquilo que faz bem”, acrescenta.
Como começar? “É muito simples, a primeira parte é limpar aquilo que não faz bem que esteja dentro de casa. E quando estiver tudo limpinho, a nossa lista de compras, a nossa ida ao supermercado tem de se basear nas coisas verdadeiramente saudáveis”. E, assim, vai evitar alguns corredores de supermercado “que não fazem falta nenhuma, na verdade”, indica.
Outra dica importante: organizar as refeições da semana. Alessandra defende que “perder tempo é ganhar tempo”.
“Por isso, há muitos anos que reservo uma parte do meu sábado para fazer comida e congelar. No dia-a-dia, ninguém tem tempo de chegar à noite e cozinhar. Então, eu sempre fiz isso: em vez de fazer um quilo de frango, faço dois, de diferentes formas, diferentes receitas – um no forno, um na panela – e congelo. E todos os dias tenho sempre comida feita por mim, que eu sei que fui eu que fiz, está ali prontinha para comer”, conta.
O mesmo com os legumes. “Eu faço legumes e congelo legumes feitos. Saladas, deixo já lavada nas caixinhas, já cortadinha, pronta para comer”, acrescenta.
O livro “A cozinha low carb da Alê” tem dicas para fazer toda esta organização, mas a autora ressalva que “ninguém consegue mudar o prato sem mudar a cabeça primeiro”. E defende que qualquer pessoa pode e deve ler este livro e fazer esta alimentação. Dela não faz parte “aquilo que faz mal: açucares, farinhas, refinados, produtos processados, ultraprocessados, óleos vegetais, margarinas. Tudo isso não entra na minha alimentação”.
Os pais têm uma grande responsabilidade quanto à alimentação dos filhos, porque são eles que fazem as compras. Mas depois vem a escola “e uma mãe dizia-me que eu dou em casa ovos, mas no lanche da escola vão comer bolacha Maria”.
“Se eu fosse traduzir o que é uma alimentação ‘low carb’ é, simplesmente, comer comida gostosa, que dê saciedade e que você fique livre dos tais lanchinhos. A gente não precisa de lanchinhos, não fomos formatados para comer a cada três horas. Mas a indústria precisa que a gente tenha fome a cada três horas. Se você não tiver fome, não vai comprar tanta bolacha, ‘snack’, ‘balinha’, que estão à venda”, diz.
No livro, a autora brasileira partilha receitas, dicas e informação sobre o que chama de “comida de verdade”.
À Renascença, diz que gosta de cozinhar tudo – só “não gosto de fazer sopa, porque acho que é muito básico”.
A autora conclui que o livro pretende que as “pessoas parem de ter preconceitos à alimentação saudável. É preciso abrir os olhos para ver o que está a ser vendido nas prateleiras”.