26 abr, 2022 - 14:14 • Rosário Silva
Chama-se “Biodiversidade Musealizada – Formas que comunicam”, é o mais recente livro da coleção Estudos de Museus e vai ser apresentado esta quarta-feira, no Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo (MNFMC).
O novo livro resulta da tese de doutoramento em História e Filosofia da Ciência, especialização em Museologia, de Mariana Galera Soler, apresentada à Universidade de Évora em 2019, com orientação das professoras Maria Fátima Nunes e Margaret Lopes.
É o 22.º volume desta coleção criada em 2015 pela Direção-Geral do Património Cultural em parceria com a editora Caleidoscópio.
“Esta coleção veio enriquecer o panorama editorial da área museológica em Portugal, constituindo hoje um corpus bibliográfico essencial para as pesquisas em estudos de museus”, refere uma nota do MNFMC, enviada à Renascença.
São muitos e variados os temas que compõem esta coletânea, “desde a história dos museus e das exposições, o colecionismo, a museografia, até à mediação digital, a educação e a museologia biográfica, entre outros”.
De acordo com a Direção-Geral do Património Cultural, as novas edições da coleção Estudos de Museus concretizam o objetivo de continuar “a alargar os horizontes das investigações incidentes em museus e em museologia sob diferentes visões temáticas e autorais”.
Concretamente, o livro “Biodiversidade Musealizada – Formas que comunicam” recai sobre a museografia de museus de história natural e de museus científicos como meio de registo de práticas científicas e museológicas.
“A partir de detalhada revisão da literatura, fontes documentais e visitas técnicas a instituições europeias e latino-americanas foi construído um modelo teórico de padrões museográficos, ou seja, formas de expor acervos associadas ao design, textos e legendas, iluminação, audiovisual, multimédia e a relação do acervo e do visitante perante o discurso museológico”, lê-se na nota de apresentação da obra.
Numa altura em que crescem as preocupações em torno do esgotamento dos recursos e da perda de habitats naturais, Mariana Galera Soler sustentou a sua pesquisa no conceito “biodiversidade”, de resto, amplamente utilizado, tanto pela comunidade académica, como também pelos diferentes meios de comunicação social.
“Diante deste modelo, partiu-se para uma pergunta que permitiu analisar exposições à luz dos padrões propostos: “é possível musealizar a biodiversidade?”, contextualiza a nota, para acrescentar que a autora “concluiu que vemos a biodiversidade sob a lente dos investigadores que compõem as equipas dos museus e sob as suas áreas de especialização”.
Por outro lado, prossegue, “verificou que, como visitantes, somos convidados a ser espectadores da natureza”, contudo, “como não somos sábios, como os profissionais que fazem as seleções e as ordenações dos acervos que estão presentes nas exposições”, cabe a cada um “contemplar séries de “coisas” que têm “lições” pré-definidas para nos contar”.
Mariana Galera Soler é licenciada em Ciências Biológicas e mestre em Museologia, com ambos os títulos obtidos na Universidade de São Paulo, Brasil. A tese de doutoramento em História e Filosofia da Ciência, com especialização em Museologia, foi obtida na Universidade de Évora, resultando esta obra do desenvolvimento da tese.
A autora já tem mais de uma década de experiência profissional em museus científicos brasileiros e desde 2017 colabora em projetos em parceria com instituições portuguesas.
Atualmente é investigadora integrada do Instituto de História Contemporânea – Polo da Universidade de Évora e é gestora de comunicação do Centro Interdisciplinar de História, Cultura e Sociedade desta universidade.
A obra “Biodiversidade Musealizada – Formas que comunicam” vai ser apresentada pela investigadora de História da Ciência, Sara Albuquerque, a 27 de abril, às 18h00, no MNFMC.