29 abr, 2022 - 16:32 • Rosário Silva
“A Odisseia de Magalhães-Elcano”, pela companhia do Teatro Clássico de Sevilha, é o espetáculo que marca a abertura da edição deste ano do Festival Internacional de Teatro do Alentejo (FITA), a decorrer entre os dias 5 e 14 de maio, numa organização da Lendias d’Encantar, a companhia profissional de teatro com sede em Beja.
Com coordenação dramatúrgica de Alfonso Zurro, este espetáculo “nasceu da celebração do quinto centenário da primeira volta de circum-navegação do globo terrestre, liderada pelo português Fernão de Magalhães e, mais tarde, pelo espanhol Juan Sebastián Elcano”, refere uma nota enviada à Renascença.
Sobe ao palco para abrir o FITA, a 5 de maio, no Teatro Municipal Pax Julia, em Beja, pelas 21h00.
Ainda neste primeiro dia, é possível assistir à ópera “Paramos ou Morremos”. Trata-se de um espectáculo formato ‘audiowalk’ com libreto de Simão Luís, numa produção do Quarteto Contratempus, e que vai percorrer diversas ruas da capital do baixo Alentejo, a partir das 22h30.
A iniciativa conta, nesta edição, com a presença de companhias e artistas de teatro e de dança oriundos de sete países, nomeadamente de Portugal, Brasil, Colômbia, Equador, México, Moçambique e Espanha. De resto, o país vizinho é convidado do festival, o que acontece pela primeira vez em nove edições do FITA.
Citado na mesma nota, António Revez, diretor artístico da Lendias d’Encantar, refere que se trata de “uma aposta clara no reforço da internacionalização, na criação de elos de ligação entre os dois países da Península Ibérica através da arte e da afirmação do festival no contexto da cultura ibero-americana".
Com a cidade de Beja como palco principal, o festival terá extensões em outros 10 municípios alentejanos: Aljustrel, Arraiolos, Campo Maior, Ferreira do Alentejo, Grândola, Mértola, Ponte de Sor, Santiago do Cacém, Viana do Alentejo e Vidigueira.
Além de “A Odisseia de Magalhães-Elcano”, de Espanha vão chegar também as peças “Femmes”, pelo Centro Extremenho de Dança e Artes do Movimento, “Piano Blanco”, de Jimena González, e “Criaturas Domésticas”, de Lucia Trentini, esta ultima, “uma experiência teatral que busca o contacto íntimo e o diálogo direto com o espectador”, referem os promotores.
Já o Centro Dramático Galego leva ao Alentejo “Ás oito da tarde, cando morren as nais” (“Às oito da tarde, quando morrem as mães”, numa tradução livre), um texto de Avelina Pérez, com encenação de Marta Pazosa.
É também proveniente de Espanha, o espetáculo de encerramento da edição deste ano, a 14 de maio, intitulado “Elektra.25”, e levado à cena pela companhia Atalaya, com direção e dramaturgia de Ricardo Iniesta.
Quanto à participação portuguesa, depois da ópera do Quarteto Contratempus, na abertura, um outro destaque vai para a companhia Hotel Europa, que apresentará “Portugal não é um país pequeno”, um espetáculo de teatro documental criado e interpretado por André Amálio.
A ASTA - Teatro e Outras Artes apresenta, na região alentejana, uma produção de 2021. Chama-se “Máquina de Encarnar”, tem encenação de Marco Ferreira e é um espetáculo performativo de ato único que “explora o paradoxo e a violência das relações entre os seres humanos”.
A presença lusa fica concluida com duas produções “da casa”: a Lendias d’Encantar propõe a peça infantil “História de uma Boneca Abandonada”, recentemente estreada, e a Companhia de Dança Contemporânea do Alentejo (CADAC) estreia o espetáculo “Pausa Forçada”.
A programação integra ainda uma série de espetáculos provenientes de países da América Latina, nomeadamente da Colombia, com a companhia Teatro Nacient a levar à cena um clássico de Beckett, “À Espera de Godot”.
Do Brasil chega João Guisande com a peça “Foi por esse amor”, do Equador a proposta do Teatro de la Vuelta chama-se “Bairro Caleidoscópio” e os mexicanos Vaca35 Teatro em Grupo vai apresentar o espetáculo “Josefina la gallina puso un huevo en la cocina” (“Josefina a galinha pôs um ovo na cozinha”).
Também pelo FITA passará “Karingana e a Batucada de Contos”, do moçambicano Klement Tsamba, um espetáculo baseado “na oralidade que navega, sobretudo, no universo das fábulas tradicionais moçambicanas”, indica a organização.
Durante o festival, as noites na Galeria do Desassossego, na cidade de Beja, preenchem-se com programação musical. Em carteira estão as atuações de Martin Sued (Argentina), Leo Middea (Brasil), Oragina Acoustic (Brasil e Itália), Afro Cromatic (Colômbia), Beba Trio (Brasil) Combo G (Espanha) e Carapaus Orkestra (Portugal).