27 mai, 2022 - 16:51 • Lusa
O 4.º Festival de Música Antiga de Torres Vedras realiza-se este ano de 4 a 26 de junho, com quatro concertos em diversas igrejas deste concelho do distrito de Lisboa, foi anunciado esta sexta-feira.
O festival “convida à descoberta do património religioso de proximidade e a uma viagem no tempo ao encontro da música antiga”, disse em conferência de imprensa, a vice-presidente da câmara municipal, Ana Umbelino, que tem o pelouro da Cultura.
Com este festival de entradas gratuitas, o município pretende contribuir para a formação de público, para a democratização da cultura, para a igualdade de oportunidades, para a coesão territorial e para a descentralização cultural, levando três dos quatro concertos às freguesias da Carvoeira, de Runa e da Freiria.
Apesar de ter no seu programa músicos de renome, “não é um festival elitista, levando repertório de períodos antigos a territórios onde esse acesso não é tão comum”, sublinhou o músico e curador do festival, Daniel Oliveira.
Destaque no dia 19 para o “concerto pela Paz”, com música para canto e cravo do século XVII, no início do barroco, na Igreja da Freiria.
João Sebastião (tenor), Bárbara Duarte (violoncelo) e Daniel Oliveira (cravo) vão mostrar a evolução do estilo barroco em que a dissonância é permitida como forma de expressar emoções, através de composições dos alemães Praetorius e Schütz.
Outro dos pontos altos do programa é o último concerto do festival, a 26 de junho, dedicado à “Música do Feminino”, na Igreja da Graça, na cidade de Torres Vedras.
O reconhecimento das qualidades intelectuais e artísticas esteve durante séculos quase de todo reservado ao género masculino, mas a presença das mulheres nas artes é constante.
Helena Raposo (alaúde), Ana Castanhito (harpa medieval) e Patrycja Gabriel (soprano) vão interpretar obras de compositores dos séculos XVI e XVII, no período barroco, nomeadamente Merula, Marín, Monteverdi, Frescobaldi e Barbara Strozzi (1619-1677), uma das poucas compositoras cujas obras chegaram até à atualidade.
“Pela primeira vez a harpa e a guitarra barrocas vão estar neste festival”, sublinhou o curador.
Um dos quatro concertos ocorre no dia 11, na igreja do Centro de Apoio Social de Runa, onde o uso de máscara é obrigatório, por alunos e professores do Conservatório de Música Luís Maldonado Rodrigues, da Associação Física de Torres Vedras.
Dedicado ao maneirismo, o concerto vai dar a conhecer obras de contexto profano de autores dos séculos XVI e XVII, como Clément Janequin, Claude Goudimel, Juan del Encina ou John Dowland.
O concerto “apela a padrões rítmicos bem próximos do ‘rondeau’ (dança de roda), assim como a uma forte presença de elementos entre o ritmo e a palavra, como se os ritmos “pintassem as palavras” sobre a técnica do ‘word painting’, bastante usada nos madrigais desta época”, descreve a sinopse do programa.
No dia 10, a Igreja da Carvoeira acolhe o concerto “Contágio Barroco”, dedicado a Bach e Galliard, por Filipa Oliveira (flauta de bisel) e João Janeiro (cravo).
O festival inicia-se no dia 4, com a atividade didática “Música com História/Concerto” para pais e filhos na Fábrica das Histórias, onde os participantes poderão conhecer alguns instrumentos antigos e ficar a saber algumas curiosidades dos períodos renascentista e barroco.