31 mai, 2022 - 12:17 • Maria João Costa
O trabalho de restauro e conservação dos tetos mudéjares da Sé do Funchal, na Madeira, é o vencedor da 14.ª edição do Prémio Gulbenkian Património – Maria Tereza e Vasco Vilalva. A obra foi escolhida pelo júri por unanimidade, entre 19 candidaturas.
A Gulbenkian explica, em comunicado, que o projeto de reabilitação foi promovido pela Paróquia da Sé do Funchal. O júri desta edição foi constituído por António Lamas, Raquel Henriques da Silva, Gonçalo Byrne, Luís Ribeiro, Santiago Macias e Rui Vieira Nery.
“O júri distingue assim a ‘exemplaridade da intervenção’, sublinhando a sua ‘relevância patrimonial, artística e social’. Ainda de acordo com o Júri, ‘o trabalho de conservação e restauro efetuado no âmbito desta recuperação prolonga a arte mudéjar no tempo.”
Depois de na última edição ter distinguido a reabilitação da Igreja de São José dos Carpinteiros/Casa dos Vinte e Quatro, em Lisboa, levada a cabo pelo Atelier RA Rebelo de Andrade Studio, este ano o prémio vai para a Madeira.
“A arte mudéjar da ilha da Madeira inscreve-se numa tradição que mergulha as suas raízes na arte islâmica andaluza e que teve ampla difusão peninsular”, explica a Gulbenkian em comunicado que destaca a “sofisticação das laçarias em madeira”, no teto da Sé do Funchal.
Envolvidos no projeto de reabilitação estiveram 36 especialistas de diferentes nacionalidades e o projeto abrangeu uma área de cerca de 1500 metros quadrados. Segundo a Gulbenkian, o trabalho conjunto da equipa internacional “possibilitou não só a descodificação do modus operandi dos artesãos, como também o estudo dos materiais e a adequada forma de os recuperar”.
Nesta 14ª edição, o júri decidiu também, por unanimidade, atribuir duas menções honrosas à reabilitação estrutural e restauro da Igreja da Misericórdia de Coruche, propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Coruche, proposta pela Conservation Practice – Consultoria em Património Histórico e ao projeto de recuperação da moradia Marques da Silva, localizada na Rua Álvares Cabral, nº 103, no Porto, proposta pelo atelier Franca Arquitetura.
No valor de 50 mil euros, o Prémio Gulbenkian Património – Maria Tereza e Vasco Vilalva existe desde 2007 e distingue anualmente “um projeto de excelência na área da conservação, recuperação, valorização ou divulgação do património cultural português, imóvel ou móvel”.
Em edições anteriores já premiou exemplos como os do restauro da Igreja de Santa Isabel, em Lisboa, a recuperação da Igreja e Torre dos Clérigos, no Porto ou o Museu Diocesano de Santarém.