01 jun, 2022 - 22:33 • Maria João Costa
226 anos depois foi concretizado o projeto de remate da ala poente do Palácio Nacional de Ajuda. Pela segunda vez, no espaço de um ano, o Presidente da República e o primeiro-ministro juntaram para inaugurar do museu, desta vez com o espólio das joias da coroa dentro.
Depois de em junho de 2021 terem inaugurado um museu vazio, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa marcaram presença esta quarta-feira no descerrar da placa que marca a abertura do Museu do Tesouro Real.
A obra custou 31 milhões de euros, parte pagos pela famosa taxa turística, evidenciou o primeiro-ministro no discurso. “Esta obra é no fundo a materialização de uma taxa e taxinha de turismo oportunamente criada, que muitos recearam poder ser um entrave ao desenvolvimento do turismo, mas que experiência comprovou que tem gerado receitas que permitiram financiar no essencial esta obra”, referiu Costa
O primeiro-ministro considerou que não é todos os dias que um governante inaugura uma obra que levou mais de dois séculos a concretizar. O projeto da autoria do arquiteto João Carlos Santos permitiu fechar a ala poente do Palácio Nacional de Ajuda, num edifício com caraterísticas antissísmicas e com alta segurança.
Agradecendo a Fernando Medina, seu antecessor e agora ministro das Finanças, também presente na inauguração, Carlos Moedas lembrou as marcas deste espólio de 736 peças
Segundo o autarca de Lisboa, este museu “disponibiliza aos portugueses um tesouro que é deles, um tesouro que nas últimas décadas esteve na escuridão de caixas e gavetas, por não haver condições de segurança para o mostrar”.
Mas ao revelar este espólio, Moedas reconhece que serão suscitados “sentimentos contraditórios”. Se por um lado vai haver “sentimentos de orgulho pela excelência artística”, por outro haverá “também sentimentos pelo lado mais trágico da nossa História”. “Vão ver peças que carregam a marca do sofrimento, das guerras, das invasões, da escravatura e do colonialismo, mas essa é a nossa História”, referiu Carlos Moedas no discurso.
Falando de improviso no final da cerimónia, antes de uma visita à caixa-forte, Marcelo Rebelo de Sousa fez um discurso de exaltação da pátria. “Não somos uma pátria nem acabada, nem deprimida, nem com complexo que, de quando em vez, ocorre”, apontou o presidente da República.
O chefe de Estado, considerou que “somos uma pátria que está a construir o futuro” e deu como exemplo a concretização do projeto do museu que passou pelas mãos de diferentes governantes.
“Esta obra só foi possível com a continuidade recente, porque é uma ideia que nasce num ciclo político anterior. Com esta realidade única. Mudarem titulares de cargos governativos e autárquicos, e, no entanto, a obra aqui está! E tantas vezes se diz que não somos capazes disso. E a obra aqui está!” repetiu Marcelo Rebelo de Sousa.