09 jul, 2022 - 23:13 • Lusa
Os trabalhadores da Global Media manifestaram-se este sábado apreensivos e chocados com os termos do programa de rescisões por mútuo acordo proposto pela administração e querem provas da situação financeira do grupo de comunicação.
A Global Media, que detém entre outros títulos o Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN), TSF e O Jogo, pretende reduzir custos operacionais e propôs, na semana passada, por "email", um programa de rescisões por mútuo acordo aos trabalhadores de todas as empresas do grupo que pretendam aderir.
Este sábado, numa carta dirigida à administração do Global Media Group (GMG), a comissão sindical manifesta "profunda apreensão" pelo teor do "email" recebido pelos trabalhadores. .
"O anúncio da abertura de um programa de rescisões por mútuo acordo não é, por si só, questionável. O que é questionável e condenável é a possibilidade, avançada no "email", de, em caso de não adesão, vir a ser tomada "qualquer medida de reestruturação sujeita a regime menos favorável"", é referido na carta.
No "email" enviado aos trabalhadores, a Global Media justifica que a "recente conjuntura muito agravada pelo presente período da guerra [..] torna imperativa uma nova reorganização empresarial". .
Na missiva, a comissão sindical, que reúne os delegados sindicais de vários títulos do grupo, mostra-se "chocada" com a "construção" do "email" e contesta o motivo apresentado para a necessidade de redução dos custos com pessoal.
"As dificuldades financeiras decorrentes dos efeitos da guerra na Ucrânia, com aumento da inflação, dos combustíveis, da energia, afetam todas as empresas e famílias. Afetam também os trabalhadores do grupo que há 16 anos não são aumentados", referem na carta. .
Os representantes dos trabalhadores apontam ainda uma série de razões pelas quais consideram ser incompreensível o programa de rescisões, nomeadamente o aumento de leitores "online", a subida de 9% das vendas no ano passado, face a 2020, para 35 milhões de euros e ainda o facto de em 2020 ter havido uma "reestruturação" que resultou no "despedimento coletivo de 81 trabalhadores, entre os quais 17 jornalistas", entre outros motivos. .
"Perante tudo isto, não se percebe se afinal há ou não há dificuldades", afirmam os trabalhadores, que defendem que os "cortes cegos têm sido a única estratégia" da administração, surgindo agora a "guerra como um mero pretexto". .
Os trabalhadores exortam, por isso, a administração a apresentar as contas para provar a situação financeira do grupo e revelar a despesa com serviços externos, bem como a divulgar o plano que tem para a empresa.
"A saída de mais trabalhadores, seja por rescisão amigável, seja por outras vias, compromete o futuro dos vários títulos do GMG e o jornalismo que ali é praticado", sublinham. .