19 jul, 2022 - 13:51 • Rosário Silva
Com um programa dedicado ao património da vila medieval, arranca a 23 de julho, para se prolongar até ao fim do mês, a bienal cultural Monsaraz Museu Aberto.
Organizada desde 1986 pelo município de Reguengos de Monsaraz, desde 1998 que se realiza com periodicidade bienal, “pretende abordar o que de melhor se faz na cultura e nas artes do espetáculo”, explica a autarquia, numa nota enviada à Renascença.
O programa abre no próximo dia 23, com o Dia Aberto, dedicado ao complexo arqueológico dos Perdigões, classificado em 2019 como monumento nacional e destinado a todos os interessados. A visita a este sítio pré-histórico vai ser dirigida por António Valera, diretor do Núcleo de Investigação Arqueológica da Era Arqueologia, entidade que desde 1997 está a efetuar escavações arqueológicas no local.
“Este povoado iniciado no Neolítico Médio há cerca de 5.500 anos prolongou-se durante toda a Idade do Cobre e chegou ao início da Idade do Bronze, há 4 mil anos”, enquadra o município.
O primeiro dia da bienal compreende, também, uma visita à reserva de materiais na Torre do Esporão e a palestra “Entre animismos, banquetes e familiaridades: a relação homem/animal nos Perdigões”, por António Valera e Nelson Almeida, investigador no Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa.
A cerimónia de abertura desta 24.ª edição do Monsaraz Museu Aberto está agendada para as 18h30 no Largo D. Nuno Álvares Pereira, em Monsaraz, seguindo-se uma visita à exposição de fotografias da década de 1970 que vai estar patente nas ruas de Monsaraz e à mostra de serigrafia e litografia “A Essência da Cor”, de Manuel Cargaleiro, que poderá ser apreciada na Igreja de Santiago.
A partir das 22h00 do dia 23, acontece o primeiro concerto com o Quinteto Jazz de Lisboa no adro da Igreja de Nossa Senhora da Lagoa. Formado em 1998, este grupo “apresenta uma sonoridade muito própria, com a fusão do jazz com fado e música popular portuguesa”.
A bienal cultural Monsaraz Museu Aberto tem entrada livre, exceto nos concertos de Tiago Bettencourt e de Jorge Palma que terão bilhetes à venda a cinco euros.
No dia 24 de julho, o programa do festival Monsaraz Museu Aberto integra, às 22h30, um concerto com Tiago Bettencourt, na Praça de Armas do Castelo. Tiago Bettencourt vai apresentar na vila medieval os seus grandes sucessos musicais, mas também o seu novo disco de originais editado em 2020, o sétimo da sua carreira intitulado "2019 Rumo ao Eclipse".
A 25 de julho, a bienal cultural apresenta às 19h00, na Igreja de Santiago, a palestra "Memória e Paisagem: Patrimónios megalíticos na construção das identidades locais", por Rui Mataloto, arqueólogo responsável pela Carta Arqueológica do concelho de Reguengos de Monsaraz.
Segue-se pelas 21h30, no mesmo local, o concerto dos Klang.data de Paulo Amendoeira e Bernardo Cruz. A fechar a noite, a partir das 22h30 no adro da Igreja de Nossa Senhora da Lagoa será apresentado o bailado “Tristão e Isolda” pela Companhia de Dança Contemporânea de Évora.
Além de diversas palestras, há também vários momentos musicais. No dia 26, destaque para o concerto “Singularidades da Guitarra Portuguesa: História, Repertório e Técnica”, com Henrique Leitão. No dia 27, o palco pertence ao Grupo de Música Contemporânea de Lisboa. Já no dia 29 de julho, a Praça de Armas do Castelo recebe um outro concerto, desta vez, pela Banda da Sociedade Filarmónica Harmonia Reguenguense.
O programa prossegue no fim de semana seguinte, com referência para, no dia 30 de julho, a Gala do Cante, com as atuações de Buba Espinho, Grupo Coral da Freguesia de Monsaraz, Grupo Coral da Casa do Povo de Reguengos de Monsaraz, José Manuel Farinha e Joana Godinho.
A fechar o Monsaraz Museu Aberto, no dia 31 de julho, às 22h00, Jorge Palma sobe ao palco da Praça de Armas do Castelo.
Durante a bienal Monsaraz Museu Aberto vai estar patente na Igreja de Santiago a exposição de serigrafia e litografia “A Essência da Cor”, de Manuel Cargaleiro, com 57 obras que mostram “o seu traço marcado pela exploração da cor, gerando composições geométricas e movimentos pictóricos que remetem para uma manta de retalhos”.
Manuel Cargaleiro nasceu em 1927 e é um artista de referência na arte portuguesa do século XX até à atualidade.
Nas ruas da vila medieval pode também apreciada a exposição de fotografias da década de 1970 intitulada “Memórias de Monsaraz”.
Um grupo de fotógrafos amadores e profissionais fotografou o concelho de Reguengos de Monsaraz para participar num concurso de fotografia promovido pela autarquia e o “resultado deste périplo fotográfico foi um espólio inigualável de fotografias a preto e branco sobre as gentes, as povoações e o vastíssimo património cultural e arquitetónico”, refere a comunicação.
Para esta exposição foram selecionadas 23 fotografias de Monsaraz que mostram como era a vila medieval na década de 1970.