30 jul, 2022 - 10:35 • Redação
O verão ainda nem vai a meio e Portugal e outros países da Europa já enfrentaram uma vaga de calor, com temperaturas recorde. Os seres humanos não são os únicos a sofrer com os dias de canícula, os animais também estão em perigo.
Existem raças que mais facilmente se adaptam a temperaturas elevadas, mas, no caso dos animais de companhia, a situação é um pouco mais complexa. É preciso estar atento aos sinais e adotar comportamentos simples que podem ajudar cães, gatos e outros “pets” a passar melhor nos períodos de calor intenso.
À Renascença, o bastonário da Ordem dos Veterinários, Jorge Cid, explica as consequências que o fenómeno meteorológico provoca nos animais de estimação, que são aqueles que “realmente sofrem bastante com este calor”.
Existem raças mais sensíveis que outras, especialmente as de pelo longo e as raças braquicefálicas (bulldogs e pugs, por exemplo), mas os cuidados são universais a qualquer animal.
De acordo com o médico veterinário, o mais importante é “garantir que o animal tem acesso permanente a água fresca, ou seja, água corrente”, sendo fundamental lembrar que os animais não têm a consciência da importância de beber água.
Os donos devem “evitar horas de grande calor para os passear”, sendo os períodos ideais para o fazer “logo de manhã cedo e ao fim do dia, antes do anoitecer”, exemplifica.
“Se tiverem mesmo que passear o animal durante a hora de calor, então devem evitar exercícios que exijam muito esforço, como correr ou atirar bolas”, alerta Jorge Cid.
Quando passeamos os nossos animais durante estes dias de calor, também devemos ter em consideração o pavimento. A temperatura elevada de pavimentos como o alcatrão ou a pedra tijoleira devem ser evitados, pois estes podem “provocar lesões nas almofadinhas plantares”, atenta.
“Evitar completamente o asfalto. O ideal é sempre passeá-los em zonas que não tenham alcatrão, por isso, todo o relvado ou zonas com areia ou terra, que não atinjam temperaturas elevadas”, aconselha o especialista.
No entanto, Jorge Cid alerta para a importância de manter o animal sempre à sombra, como por exemplo, durante idas à praia.
Este Sistema Nacional de Saúde está idealizado par(...)
Para além dos cuidados a ter durante os passeios, os veterinários reforçam a extrema importância não trancar os animais dentro dos automóveis. Em dias de altas temperaturas, pode ser fatal.
No caso dos cães, é comum a entrada de casos de “golpes de calor” nos serviços de urgência veterinários, em sequência de uma aparente “ida rápida às compras, que depois se estende por mais cinco ou seis minutos”, alerta Jorge Cid.
“Em pouco tempo, a temperatura do carro atinge valores muito elevados, temperaturas na ordem dos 70 graus”, e os cães sofrem o “golpe de calor que, infelizmente, na maioria dos casos tem como consequência a morte do próprio animal."
Declarações de Jorge Cid, bastonário da Ordem dos Veterinários
Jorge Cid apela aos donos dos animais para que “nunca deixem o animal dentro do carro, porque pensamos que é só um bocadinho e não faz muita diferença. Esse bocadinho pode ser fatal". Nos casos em que o animal sobrevive, “é provável que fique com sequelas para o resto da vida”.
De acordo com Jorge Cid, é fundamental “fazer um paralelismo com os humanos. Nós tratamos dos nossos animais de companhia como mais um elemento da família e, portanto, aquilo que proporcionamos aos outros elementos, aos filhos ou pais, também o animal deve usufruir dessa qualidade de vida".
Outras dicas para manter os “patudos” fresquinhos durante o verão passam gestos simples relaxar num ambiente com ar-condicionado ou colocar uma pedra de gelo na água.
Recorrer à tosquia quando têm muito pelo ou escová-los regularmente, colocar uma toalha molhada no chão para que o animal se possa deitar numa superfície fresca, utilizar protetor solar, relaxar num ambiente com ar-condicionado ou instalar uma mini-piscina no jardim para que o cão se possa molhar.
Incêndios
Grupo Intervenção e Resgate Animal também já resga(...)
Também é importante estar atento aos sinais de um "golpe de calor":
Para além do que fazer perante as temperaturas elevadas, existem precauções a ser tomadas quando está em causa o risco de incêndio.
“Quando há incêndios em áreas florestais, há sempre vítimas de animais a registar, quer a nossa fauna selvagem, que é muito importante, quer animais de produção e de estimação”, lamenta Jorge Cid.
Assim como os humanos, “os animais também entram em pânico” e acabam por fugir. O bastonário da Ordem dos Veterinários admite que “são situações de extrema dificuldade, muitas vezes sem solução”.
“O melhor conselho que posso dar é terem medidas de prevenção. Se as pessoas se aperceberem que há uma probabilidade, mesmo que pequena, do fogo poder chegar à sua zona, têm de tentar evacuar os seus animais. Nos casos de estimação, ter uma transportadora à mão, que é mais fácil, pois os animais têm tendência a desorientar-se com o fogo, o fumo, ou as sirenes.”, sugere.
Quando se trata de animais de produção, como ovelhas ou vacas, por exemplo, Jorge Cid considera que “o mais indicado será contactar a Proteção Civil ou Associações da zona de residência, para que se possam evacuar os animais com antecedência, e assim, evitar desgraças”.