26 out, 2022 - 12:06 • Maria João Costa
O livro “A Arte de Driblar Destinos”, do brasileiro Celso José da Costa, é o vencedor do Prémio LeYa deste ano. O anúncio foi conhecido esta quarta-feira na sede da editora, em Alfragide, concelho da Amadora.
O júri presidido pelo poeta e escritor Manuel Alegre explicou que o prémio foi atribuído por unanimidade. A obra é uma “saga familiar que reflete muito bem, com ritmo e vivacidade, o mundo social do interior do Brasil”.
Manuel Alegre contou que quando ligou ao vencedor a dar a notícia só ouviu do outro lado: “Puxa, puxa”, mostrando a incredulidade do autor premiado. Celso José da Costa é natural do Estado do Paraná, no Brasil, tem 73 anos e é matemático de profissão, “conhecido por ter descoberto a Superfície Costa”, indica a LeYa.
O livro “é um hino à educação”, referiu o poeta Nuno Júdice, também membro do júri. A obra conta através de várias histórias, o processo de formação de um jovem “em contextos nem sempre fáceis”, diz o júri na sua declaração final lida por Manuel Alegre.
Segundo Júdice, o livro “prende de imediato” e é “uma leitura quase impossível de parar”. De acordo com o poeta, não se trata, no entanto, de “um romance ruralista”, mas sim de um livro onde “cada personagem tem uma existência muito própria” e onde as personagens vão ganhando “densidade”.
No final da reunião, Manuel Alegre aos jornalistas dizia que este é um livro “feito de contrastes, pícaro, divertido e difícil”. Ao mesmo tempo, o presidente do júri sublinhava como “um bom sinal, um homem de 73 anos ter tido a coragem de enviar o livro para o Prémio LeYa e tenha escrito um livro com tanta vivacidade e juventude”.
À edição deste ano concorreram 218 originais de diversos países. Segundo a editora há concorrentes de Portugal, Alemanha, Brasil, Espanha, Holanda, Inglaterra, Japão, Moçambique e Polónia.
Na sessão final, o administrador de edições gerais da Leya, Pedro Sobral lembrou a “alegria imensa” com que o autor brasileiro recebeu a noticia do prémio e lembrou que “isso representa o que é o premio”, um galardão que traz à “língua portuguesa grandes livros e novos autores”.
No valor de 50 mil euros, o prémio LeYa “é o maior prémio literário para romances inéditos em língua portuguesa”, indica a editora que na última edição premiou o livro “As Pessoas Invisíveis”, de José Carlos Barros.
Também Ana Rita Bessa, CEO do Grupo LeYa presente na conferência lembrou as palavras do Cardeal D. José Tolentino Mendonça, na apresentação do novo livro de Lídia Jorge, “Misericórdia” para dizer que “hoje nasceu um livro”.
“É um momento de celebração para a língua portuguesa”, referiu a responsável que mostrou-se satisfeita de “em provecta idade” ter nascido um autor.
“O júri da presente edição do Prémio LeYa é formado pela escritora e poeta angolana Ana Paula Tavares, a jornalista, escritora e crítica literária portuguesa Isabel Lucas, o editor, jornalista e tradutor brasileiro Paulo Werneck e, ainda, por Lourenço do Rosário, Professor de Letras, fundador e antigo reitor da Universidade Politécnica de Maputo, José Carlos Seabra Pereira, Professor de Literatura Portuguesa na Universidade de Coimbra, Nuno Júdice e Manuel Alegre (Presidente do Júri), ambos poetas e escritores”, indica a LeYa.
Atribuído há já 15 anos, o prémio só não foi entregue em 2019 e 2020, de resto já distinguiu autores e livros como:
O Rastro do Jaguar, de Murilo Carvalho (2008)
O Olho de Hertzog, de João Paulo Borges Coelho (2009)
O Teu Rosto Será o Último, de João Ricardo Pedro (2011)
Debaixo de Algum Céu, de Nuno Camarneiro (2012)
Uma Outra Voz, de Gabriela Ruivo Trindade (2013)
O Meu Irmão, de Afonso Reis Cabral (2014)
O Coro dos Defuntos, de António Tavares (2015)
Os Loucos da Rua Mazur, de João Pinto Coelho (2017)
Torto Arado, de Itamar Vieira Junior (2018)
As Pessoas Invisíveis, José Carlos Barros (2021)