02 nov, 2022 - 12:05 • Diogo Camilo
“Jornalismo e responsabilidade são dois lados da mesma moeda”, é esta a visão de Yasir Khan sobre as alterações climáticas.
O chefe de redação da Fundação Thomson Reuters acredita que o ser humano foi "demasiado preguiçoso" na questão das alterações climáticas, só estando a acordar para o assunto quando é “quase demasiado tarde”.
No painel “Devem as alterações climáticas dominar as notícias?”, que decorreu esta quarta-feira, na Web Summit, a audiência foi questionada sobre quem viajou até Lisboa de avião para a cimeira tecnológica, com os oradores a indicarem que, se o que disseram teve impacto nas ações ou divulgação do problema, “já valeu a pena” ali estarem.
Para Ruth Wright, editora da Euronews Green e Euronews Travel, é necessário “martelar a cabeça” das pessoas com as alterações climáticas e é dever do jornalismo e dos jornalistas introduzir uma cultura de preocupação sobre o assunto.
“É um limbo entre estar informado ou equilibrado mentalmente. Mas se empoderarmos os nossos leitores com informação credível, podemos mitigar muita dessa ansiedade.”
“O céu está a cair, mas se isso for a única coisa que partilhamos, as pessoas vão deixar de nos ouvir. Pensar sobre alterações climáticas todos os dias, a toda a hora, pode ser cansativo”, respondeu Khan.
Mais do que a descarbonização, é necessário pensar(...)
Ruth Wright fez ainda uma comparação, indicando que papel dos jornalistas é “fazer as pessoas sentirem-se menos malucas”.
“Sabemos que as ondas de calor estão a provocar mais mortes. Se explicarmos isto às pessoas, elas vão sentir-se compreendidas”, acredita a editora da Euronews.
O tema "impacta a política internacional, a tecnologia, impacta o nosso dia a dia, logo não devia ser só chavões ou clichés", acrescentou.
Já o chefe de redação da Reuters recorreu a um exemplo concreto para defender que tudo seja posto na balança no que toca ao peso das ações de cada um no clima.
“A nossa correspondente na Colômbia, para um trabalho na Amazónia, precisou de se deslocar com recurso a três aviões. Mas se ela não fosse, ninguém contaria a história. É preciso pensar se vale a pena. E acho que neste caso vale.”