02 nov, 2022 - 11:30 • Olímpia Mairos
O antigo presidente de Timor-Leste recebe esta sexta-feira, o Prémio Literário Guerra Junqueiro, Lusofonia, numa cerimónia que vai decorrer em Freixo de Espada à Cinta.
De acordo com a curadora do prémio, Avelina Ferraz, o escritor Xanana Gusmão, o primeiro autor timorense a ser galardoado com este prémio, “reflete a influência de Guerra Junqueiro e todo o entusiasmo literário que os caracteriza”
“Os seus poemas são a memória de um homem que vivenciou a experiência dos traumas da diáspora, da barbárie e da violação do direito à vida e à liberdade. A sua poesia é a voz coletiva do povo timorense. A sua escrita é uma denúncia e um pedido de salvamento da memória”, destaca Avelina Ferraz.
Já o presidente da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta, Nuno Ferreira, destaca “o papel social, político e cultural que Guerra Junqueiro assumiu no seu tempo foi, e continua a ser, fonte de inspiração para escritores e poetas de todo o mundo, sobretudo dos autores dos países irmãos, como o caso dos Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP)”.
“Este Prémio Literário, criado em Freixo de Espada à Cinta, tem como objetivo dar voz a quem pretende manter em aberto todos os temas pertinentes da sociedade e que deles façam as suas próprias causas através da escrita”, assinala o autarca.
Em comunicado, a autarquia destaca que “Xanana Gusmão é um exemplo dessa vontade e determinação. A sua autobiografia ‘Resistir é Viver’ relata uma vida de luta e superação em torno de uma causa maior, enquanto defensor dos direitos humanos, da liberdade e da paz, e do seu papel enquanto um dos principais ativistas pela independência de Timor-Leste durante a ocupação indonésia”.
Após o reconhecimento internacional da independência de Timor-Leste, em 2002, Xanana Gusmão tornou-se no primeiro Presidente da recém-nomeada República Democrática de Timor-Leste, cargo ocupado entre 2002 e 2007, ocupando depois, entre 2007 e 2015, o cargo de primeiro-ministro. Em março de 2015 foi nomeado ministro do Planeamento e Investimento Estratégico de Timor-Leste e é atualmente Conselheiro de Estado da República Democrática de Timor-Leste.
De acordo com Nuno Ferreira, o executivo municipal “continua a trabalhar no sentido de dar a conhecer Freixo de Espada à Cinta além-fronteiras, valorizando o autor freixenista Abílio Guerra Junqueiro no panorama cultural internacional e, em simultâneo, fazer ecoar o nome do concelho para captação de turismo e de ligações culturais”.
Natural de Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança, Guerra Junqueiro é o patrono da iniciativa literária, que dá o nome ao prémio, pelo compromisso e pela importância que o escritor e diplomata foi no seu tempo.
No entender de Avelina Ferraz, o Prémio Literário Guerra Junqueiro, que em 2020 foi alargado à Lusofonia, “é um importante contributo para um movimento criador de uma união cultural lusófona responsável”.
Instituído desde 2017, em Portugal, o primeiro prémio foi atribuído a Manuel Alegre, seguindo-se Nuno Júdice, em 2018, José Jorge Letria, em 2019, Ana Luísa Amaral, em 2020, e em 2021 a Hélia Correia.
Desde 2020, nos restantes países da Lusofonia, o prémio foi entregue a Lopito Feijóo, Raul Calane da Silva, Sidney Rocha, Olinda Beja, Jorge Carlos Fonseca, Tony Tcheka, Abdulai Sila, Dina Salústio e Vera Duarte Pina.
Em agenda estão já as cerimónias de entrega do Prémio de 2021 a Abraão Bezerra Batista, do Brasil; Luís Carlos Patraquim, de Moçambique; Agustín Nze Nfumu, da Guiné Equatorial e João Tala, de Angola.