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Exposição

Agressões à arte só "geram repulsa", critica artista Olga Sinclair

08 nov, 2022 - 17:20 • Maria João Costa

A artista panamiana apresenta em Lisboa, na Casa da América Latina, a exposição “Cor e Esperança”. Em entrevista à Renascença, Olga Sinclair fala da necessidade de esperança depois da pandemia e critica os jovens que atentam contra a arte por causas ambientais

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Olga Sinclair recorre às palavras do cantor francês de origem arménia Charles Aznavour para lembrar que “a função do artista na sociedade é ser o farmacêutico das almas”. A artista que nasceu no Panamá apresenta agora em Lisboa, na Casa da América Latina, a exposição “Cor e Esperança”.

A mostra é espelho dos fármacos artísticos que usa para criar. Em entrevista à Renascença, a artista explica que, no seu entender, “a arte salva as almas” e “tem o poder maior”.

Questionada sobre os jovens que, em defesa da causa ambiental, têm atentado contra obras em museus um pouco por todo o mundo, Olga Sinclair é crítica.

“O poder da arte é tão incomensurável que fez com que estes jovens, que agora estão a atirar latas de tomate contra os Van Gogh, procurassem um ícone da Humanidade poderoso para chamar a atenção”, diz a artista.

“Mas se o agrides, como estão a fazer estes jovens destes movimentos sobre o petróleo, o que gera é repulsa”, acrescenta Olga Sinclair.

Filha do artista Alfredo Sinclair, esta panamiana de 65 anos é da opinião que “a arte é um património da Humanidade” e que, através dela, há “uma sociedade mais equilibrada, onde o ser humano eleva os seus sentimentos ao ouvir música, o Bel Canto, a ópera, a literatura, a pintura, a escultura e a arquitetura”.

Este poder transformador de que Olga Sinclair fala nasce da sua própria história de vida. Ela criou, há 13 anos, uma fundação com o seu nome que aposta em promover o talento artístico das crianças, no Panamá.

“Criei a fundação como agradecimento à vida e às oportunidades que me deu. O meu pai triunfou enquanto artista e pintor, veio de um lugar bastante humilde em termos económicos, muito simples, e isso levou-me a pensar em tantos jovens e crianças imersas na pobreza, na emigração que não têm esperança em nada. Eu digo, se venho deste lugar, o meu pai triunfou e eu também triunfei, vivi da minha pintura, quantos serão os jovens com talento e ninguém os descobre?”, reflete Olga Sinclair.

No entender desta criadora, cuja obra está pode ser vista em Lisboa com entrada gratuita, até 9 de janeiro, “qualquer pessoa com êxito, um pintor, um artista, um empresário tem de ter consciência social”. Segundo Olga Sinclair, “há muita gente com necessidade e há que partilhar os talentos”.

Apostada em promover os mais jovens talentos, Olga Sinclair entrou para o livro do Guiness quando, em 2014, a propósito dos 100 anos do Canal do Panamá, juntou 5.084 crianças a pintar ao mesmo tempo durante três minutos.

A pintura que é a sua expressão artística privilegiada pode ser apreciada na mostra que traz a Lisboa carregada de “Cor e Esperança”. Nas telas com tons amarelo, azul, verde e roxo está o seu sentido de esperança.

“Falo da esperança que tem de ter o ser humano no mundo atual. Passámos uma pandemia, todos acreditamos que o mundo ia acabar, mas no final o mundo seguiu em frente. A esperança que temos de ter é ter uma atitude de luz e alegria, porque está comprovado que o confinamento provocou muitos problemas psicológicos a muita gente jovem e é uma coisa triste de enfrentar. Há que procurar na vida o seu lado positivo”, alerta Olga Sinclair nesta entrevista que pode ouvir no Ensaio Geral da Renascença.

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