30 nov, 2022 - 20:34 • Maria João Costa
“Quando regressarmos em 2024, o D. Maria não poderá ser mais o mesmo”, disse Rui Catarino, presidente do Conselho de Administração do D. Maria II na apresentação da Odisseia Nacional, o programa que o teatro vai levar pelo país, a 93 concelhos durante 16 meses, enquanto a sala do Rossio encerra para obras.
Na apresentação esta quinta-feira, foi revelado o cartaz que vai percorrer o país, ilhas incluídas. A programação vai começar em janeiro pelo Norte, depois segue-se o centro, no verão o D. Maria rumará às ilhas e o final do ano está reservado para o Alentejo e Algarve.
Num evento que decorreu na sala Garrett e onde marcaram presença o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva e a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, o diretor artístico do D. Maria, Pedro Penim explicou que a programação Odisseia Nacional prevê 3 produções do Nacional que vão andar pelo país.
“A Casa Portuguesa”, de Pedro Penim é uma das peças; “O Misantropo” de Hugo Van Der Ding e Martim Sousa Tavares será outra e contará com a atriz Ana Guiomar que na apresentação disse que se trata de um “texto divertido”. A terceira produção do D. Maria será “A Farsa de Inês Pereira”, uma peça a partir de Gil Vicente, mas que será adaptada por Pedro Penim para uma “versão 2023”.
A Odisseia Nacional prevê ainda três coproduções com companhias sediadas fora do eixo Porto-Lisboa, entre eles estão o LAMA teatro e o Teatro Didascália; 4 coproduções com artistas emergentes, duas coproduções com artistas reconhecidos como Djaimilia Pereira de Almeida e Zia Soares; um espetáculo para a juventude.
Além destas produções, o D.Maria vai também levar a alguns dos 93 municípios 3 espetáculos internacionais. Um deles, é uma produção ucraniana da autoria do criador ucraniano Plavo Yurov.
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Mas haverá mais teatro, no âmbito da Rede Eunice Ageas com peça que já passaram pela sala do Rossio, como “Ainda Marianas” de Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buesco, “Os Possessos” e “Outra Língua” de Keli Freitas, Raquel André, Nádia Yracema e Tita Maravilha; e “Zoo Story” de Marco Paiva.
Como desígnio para esta Odisseia Nacional, na apresentação, Rui Catarino afirmou: “É de gente que o teatro é feito, e a gente de que o teatro é feito é gente que está na plateia, mas também de gente que está lá fora, a quem o teatro não chega. É a essa gente a quem pertence este teatro”.
Durante o ano de 2023, o D. Maria entra em obras. Na apresentação o Diretor Geral do Património Cultural, João Carlos Silva explicou que haverá um investimento de mais de 9 milhões de euros, aplicados no âmbito do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência. A verba aplicada aos teatros, indicou o responsável, vai, na sua fatia de leão para o Teatro Nacional de São Carlos e será também aplicada em obras de reabilitação no Teatro Camões.
Quem também falou do investimento financeiro na cultura foi o ministro Pedro Adão e Silva que no discurso referiu-se a esta aposta como “um momento de mudança na política cultural” que nas palavras do titular da pasta contraria “o subfinanciamento crónico” no setor.
Numa altura em que foram conhecidos os resultados dos apoios às artes e que surgiram críticas de companhias não contempladas, Pedro Adão e Silva aproveitou o momento no D. Maria para repetir que o “próximo ciclo de apoios que se inicia em janeiro 2023 prevê uma verba que mais do que duplica”.
Nas contas do ministro da Cultura, são “114 por cento mais para os próximos 4 anos” traduzidos em “148 milhões de euros”. De acordo com Pedro Adão e Silva, há “mais entidades apoiadas e cada entidade recebe, em média, 200 mil euros”
Sobre o projeto da Odisseia Nacional, o ministro da Cultura afirmou: “Não é apenas uma forma do D. Maria se manter ativo quando fechar para obras, mas é um bom princípio que deve estar presente na política cultural. É um exemplo da democratização da cultura. Só faz sentido se chegar a mais gente”.
Falando de um “exemplo de democratização”, Adão e Silva considerou que “quando daqui a ano e meio a obra estiver terminada, teremos certamente um teatro mais moderno, com melhores condições de fruição e trabalho”, mas acrescentou: “Espero que tenha ficado um pouco por todo o país uma marca que tenha efeito reprodutivo para a cultura portuguesa.”