06 fev, 2023 - 06:30 • Filipa Ribeiro
Dos concertos mais pequenos a espetáculos de Madonna, Coldplay e Harry Styles. Nunca tinham sido cobrados valores tão elevados por um bilhete para um concerto. No caso dos festivais, por exemplo, se em 2018 um bilhete diário para o Nos Alive custava 65 euros, este ano custa 74 euros.
Outros exemplos: Concerto The Weeknd em Lisboa com bilhetes entre 81 e 131 euros
O Primavera Sound Porto passou de 110 em 2019 para 170, este ano
A justificação para esta alta de preços está na inflação.
Luís Pardelha, da Associação de Promotores de Espetáculos, Festivais e Eventos (APEFE), diz à Renascença que “o aumento do custo de vida traduziu-se no aumento dos valores de alguns fornecedores e serviços ligados à cultura, como equipamentos de som e de luz, ou , como rent-a-car’s e combustíveis”.
Estes factores “pesam nos orçamentos finais dos espetáculos, sendo inevitável que o aumento de custo chegasse ao preço dos bilhetes”.
Para além dos custos com a organização, também os artistas estão mais caros, sendo mais um ponto que justifica a subida do preço dos bilhetes.
Ainda assim, os preços praticados em Portugal continuam a ser dos mais baixos na Europa, o que faz com que o mercado português continue a ser atrativo para o público estrangeiro.
Luís Pardelha admite estar atento, sublinhando que é cedo para perceber quais as consequências que o aumento do custo dos bilhetes vai ter no mercado. Por outro lado, apesar de os restantes países terem mais capacidade para pagar mais, Pardelha sublinha que os artistas internacionais continuam a ter interesse em vir a Portugal, dando como prova os cartazes já anunciados.
Apesar de a cultura ter sido um dos sectores mais afetados pela pandemia, Luís Pardelha afasta a hipótese de os preços elevados serem uma tentativa dos promotores recuperarem rapidamente as perdas dos últimos anos.
“Trata-se apenas de uma resposta ao aumento de preços brutais que atacaram a atividade dos promotores como de todas as indústrias e seria impossível que a cultura mantivesse os mesmos preços de há um ano quando nada se manteve igual”, justifica o representante da Associação de Promotores de Espetáculos.
Um dado é, todavia, incontornável: com estes preços, ver um concerto sai - ou pode sair . mais caro do que acompanhar toda a temporada de futebol de um "grande". Por exemplo, um lugar anual no Estádio do Dragão para acompamnhar o campeão Futebol Clube do Porto custa entre 115 e 200 euros. Um "Red Pass" para o Estádio da Luz pode custar 110 euros, numa das melhores hipóteses. Já uma "Gamebox" para Alvalade não fica por menos de 186 euros (preço de adulto). A estes custos junta-se o pagamento da cotas de associado.