Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Joana Vasconcelos instala Valquíria no desfile da Dior da Semana de Moda de Paris

28 fev, 2023 - 14:07 • Lusa

As Valquírias da artista portuguesa são grandes estruturas com vários braços, inspiradas no mito escandinavo em que as mulheres enviadas de Odin tinham a missão de escolher os vencedores e acompanhar os guerreiros mais corajosos após a morte. Veja as fotos.

A+ / A-

A artista portuguesa Joana Vasconcelos instalou, a convite da marca de alta-costura Dior, uma das suas Valquírias monumentais no desfile que decorreu hoje em Paris, dedicado à coleção feminina para a temporada outono/inverno 2023-2024.

Joana Vasconcelos aplicou nesta "Valkyrie Miss Dior" os tecidos usados nesta coleção, algo "nunca feito" segundo a artista.

As Valquírias de Joana Vasconcelos são grandes estruturas com vários braços, inspiradas no mito escandinavo em que as mulheres enviadas de Odin tinham a missão de escolher os vencedores e acompanhar os guerreiros mais corajosos após a morte.

Uma destas peças chegou à Semana da Moda de Paris, a convite da marca Dior, depois de várias Valquírias já terem passado por vários locais do Mundo, desde a Gare de Lille à Royal Academy, em Londres, do Hotel MGM em Macau até aos armazéns Bon Marché, em Paris.

"Trazer esse impacto das artes plásticas para o Mundo da moda é interessante, porque é uma outra relação e isso é inovador. Nunca as artes plásticas se cruzam com a moda desta maneira, pode haver uma peça, pode haver uma interação, mas a este grau de escala, esta colaboração tão estreita que é partir do mesmo material em duas direções diferentes, acho que nunca foi feito", afirmou a artista em declarações à agência Lusa, durante a montagem da peça em Paris.

O desfile da Dior decorreu no Jardim das Tulherias, onde a marca instalou uma passarela para acolher esta "Valkyrie Miss Dior", que pesa mais de uma tonelada e é composta de 20 padrões diferentes de tecidos fornecidos por esta casa de alta-costura a Joana Vasconcelos. .

A partir de um centro azul, partem vários braços coloridos em todas a direções, com acabamentos em "crochet" de lã, bordados de Viana do Castelo e pedrarias.

Esta não é a primeira vez que a artista colabora com a Dior, tendo realizado em 2013 a peça "J"adore Miss Dior", em que utilizou centenas de garrafas de perfume da marca para fazer um laço gigante.

Em 2019, fez a reinterpretação da icónica mala Lady Dior, com um coração em LED.

"Nunca tínhamos feito uma coisa tão grande. Aprendi [com a Dior] um grau de profissionalismo, de exigência. A moda tem um ritmo muito mais acelerado que as artes plásticas. Tenho aprendido muito com esta colaboração, com regras diferentes, mas onde as pessoas querem estar cada vez mais unidas, querem partilhar para crescer", declarou.

O projeto para esta Valquíria começou a ser discutido no verão de 2022 e a execução teve início em novembro, em estreita colaboração com Maria Grazia Chiuri, diretora artística da Dior.

Desde o início, tal como acontece nas suas outras obras neste formato, Joana Vasconcelos queria que esta peça homenageasse uma mulher.

"Eu disse logo que não ia fazer uma peça só por fazer, disse que tinha de haver uma história, temos de prestar homenagem a alguém, a uma mulher importante na história da Dior. E depois, de repente, a [diretora artística] começou a falar-me da irmã do Christian Dior, a Catherine Dior, e fez-me todo o sentido homenageá-la", contou a artista.

Catherine Dior foi uma resistente francesa capturada pela Gestapo em 1944, antes da libertação de Paris. Deportada para o campo de concentração de Ravensbrück, passou depois por várias prisões de trabalho forçado até ser liberdade em 1945. Regressada a França, recebeu várias homenagens pela sua participação na guerra.

Após ter ajudado a irmão a fundar a sua marca de roupa, Catherine Dior tornou-se florista e mesmo produtora de flores, o que inspirou a coleção e a Valquíria apresentadas hoje em Paris, com padrões florais e cores inspiradas na Natureza.

Joana Vasconcelos regressa a Paris para a inauguração d""A Árvore da Vida" a 27 de abril, data em que esta exposição vai abrir.

Esta peça monumental poderá ser vista em Lisboa, no Museu de Arte Arquitectura e Tecnologia (MAAT), mais tarde, no outono, em data a anunciar.


Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+