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João Lourenço. Quando o teatro fala da depressão nos adolescentes, isso é “serviço público”

14 abr, 2023 - 11:22 • Maria João Costa

A peça “O Filho” estreia sábado no Teatro Aberto, em Lisboa. O texto do francês Florian Zeller é interpretado por atores como Paulo Pires, Sara Matos e Cleia Almeida. Em palco a história de um adolescente que sofre uma depressão, depois do divórcio dos pais. O encenador João Lourenço alerta que “a depressão que a Covid gerou é muito grave”.

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Já não é a primeira vez que o Teatro Aberto trabalha uma peça do dramaturgo francês Florian Zeller. Depois do sucesso “O Pai”, com João Perry, em 2016, agora a sala liderada pelo encenador João Lourenço regressa ao autor com a peça “O Filho”.

Os atores Paulo Pires e Cleia Almeida dão corpo a Pedro e Ana. Eles são um casal divorciado há três anos e que têm um filho, Nicolau, que enfrenta uma depressão. O texto, adaptado por João Lourenço e Vera San Payo de Lemos, foi “colocado na programação exatamente porque é um tema, infelizmente, que está muito em dia, é muito recorrente”, refere o encenador ao Ensaio Geral da Renascença.

Segundo João Lourenço, “o problema” da depressão “que está a acontecer desde a Covid aos jovens e até aos adultos é uma coisa muito, muito grave”. Para trabalhar o texto, Vera e João falaram com psiquiatras.

“Tivemos mesmo aqui no teatro a psiquiatra principal do Hospital de Santa Maria, que veio falar connosco. E nós podemos dizer que lhe levamos 'O filho' para conversarmos bastante sobre isso”, indica o encenador.

“Eu não quero que isto ao público pareça tudo normal. O público tem de ser agarrado pela própria história, e acho que é muito importante estarmos a apresentar isto neste momento. Eu sei os dados pelos psiquiatras com que tenho falado que não vêm nos jornais e são assustadores. Acho que estamos a fazer um papel, que é o nosso papel de serviço público, de mostrar coisas que as pessoas possam pensar. É essa a função do teatro”, afirma João Lourenço.

A peça interroga de onde vem o sofrimento de Nicolau e reflete sobre os problemas de saúde mental e da teia familiar. “O divórcio é um dos casos, mas não é só esse o caso”, explica o encenador.

“O problema é que, às vezes a família, por determinadas razões, e é isso é explicado também na peça, não os sabe ouvir, não os quer ouvir, ou eles não querem mesmo contar. Isso é muito grave e por isso é que eu acho que é importante viver esta peça, porque a história é envolvente”, diz João Lourenço.

O encenador mantém como premissa de todo o trabalho que faz com o Novo Grupo, a companhia do Teatro Aberto, a ideia de querer “exercitar o olhar, incitar o debate e suscitar questões para reflexão”. E esta peça não é exceção, admite Lourenço.

“Acho que também vão refletir sobre alguma coisa que viram ou que têm em casa. Isso é que é muito importante. É por isso mesmo que nós fazemos espetáculos”, sublinha João Lourenço, que se mostra muito satisfeito pelo elenco que reuniu para a peça.

“Nós seguimos a história de uma maneira muito agarrados a ela. É muito bem representada, os atores fazem muito bem. Eu tive, não é só sorte, eu também os conhecia, mas acho que escolhi um elenco fantástico para esta peça. Eles são muito verdadeiros”, refere Lourenço.

Do elenco, além de Paulo Pires, Sara Matos e Cleia Almeida fazem parte também os atores Paulo Oom, Pedro Rovisco e Rui Pedro Silva. “O Filho” estreia dia 15 e vai estar em cena na sala azul do Teatro Aberto, em Lisboa.

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